O esperado era que 2023 fosse o "ano da diversidade" na Esplanada dos Ministérios. Mas entre a expectativa e a realidade, costuma haver uma distância considerável.
Verdade que desde a redemocratização nunca tivemos tantas mulheres (são 11), negros (são cinco) e indígenas (é uma) ocupando cargos no primeiro escalão do Poder Executivo federal. Olhando por esse ângulo, do ponto de vista numérico, inegavelmente avançamos. Especialmente se considerarmos que há três dias somente uma das 23 pastas então existentes estava sob o comando feminino.
Ainda assim, a maioria dos atuais 37 ministérios do governo que acaba de se iniciar segue o "padrão" estabelecido historicamente e permanece sob o comando de homens brancos.
Considerando o perfil do eleitorado e da população brasileira, que é majoritariamente preto e pardo, pelo menos um aspecto precisa ser observado: Quantos desses ministros reconhecem que o Brasil tem no racismo um problema estrutural? E quantos estão interessados —e preparados— para trabalhar pela promoção da equidade racial?
É preciso avaliar também até que ponto essa suposta maior representatividade numérica de gênero e de raça veio de fato acompanhada de vontade política para implementar ações de promoção da igualdade de gênero e de raça.
Sem um projeto político focado em diversidade e inclusão que garanta recursos para investimentos e a abertura de espaço para pessoas negras entre os cargos de confiança nas várias esferas da administração pública, a presença de mulheres, negros e indígenas no primeiro escalão, que, diga-se, ainda é tímida, não passará de mera figuração.
Há muito trabalho à frente se quisermos de fato construir um país mais justo e igualitário para todxs. Sigamos atentos e vigilantes. A luta continua.
Feliz Ano Novo!
Pausa: estarei em férias nas próximas semanas. Volto a escrever neste espaço no dia 30/1. Até lá.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.