Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Descrição de chapéu Todas Congresso Nacional

Representatividade é tudo

PL que quer regulamentar profissão de trancista evidencia importância da presença negra no Congresso

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Uma de minhas lembranças mais remotas é sentar entre as pernas da minha mãe para desembaraçar, dividir e prender meus cabelos em tranças. Era um momento de cuidado, afeto e transmissão de conhecimento.

Para pessoas negras, trançar o cabelo é uma maneira de abraçar as origens e reverenciar o legado de arte e cultura herdado dos antepassados africanos.

Luana Alcantara, que é hairstylist e trancista, faz baby hair em sua clientes - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Estou falando de geometria e artesanato numa forma de expressão milenar que remete à história da África, onde diferentes tipos de tranças identificavam tribos, religião, poder econômico, posição social, faixa etária, estado civil. Serviram até para que africanos escravizados nas Américas difundissem rotas de fuga.

Por ser prático, versátil, bonito e inegavelmente cheio de estilo, o penteado é usado por mulheres e homens de diferentes culturas e países mundo afora. Contudo, a arte de trançar os cabelos é uma espécie de legado para quem tem ascendência negra.

Talvez por isso eu tenha ficado emocionada ao saber do projeto de lei com a finalidade de regulamentar a profissão de trancista no Brasil. A iniciativa, de autoria da deputada federal Dandara (PT-MG), mulher negra, prevê a inclusão do ofício no Quadro de Atividades e Profissões da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

O PL deixa evidente a importância da representatividade negra no Congresso Nacional ao atentar para a especificidade e a importância cultural de uma atividade que, além de especializada, é fonte de renda de cerca de 15 mil pessoas no país —a maioria, mulheres negras.

Quem melhor que um de nós para conhecer a nossa realidade e se preocupar em pensar e propor políticas públicas que possam transformar a vida da maioria negra que compõe o povo brasileiro?

Em quatro meses, teremos eleições e, com elas, mais uma oportunidade para formar bancadas negras nos Legislativos Municipais. Quem sabe até eleger prefeitas e prefeitos pretos —se houver essa opção entre os candidatos viáveis.

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