Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Moro acobertou investidas de Bolsonaro

Ex-juiz agiu como advogado do presidente, mas agora fala em tom autoritário

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Sergio Moro dormiu um sono tranquilo por 16 meses. Dias antes de pegar as chaves do Ministério da Justiça, o ex-juiz disse não enxergar “risco de autoritarismo” no governo de Jair Bolsonaro. Agora, ele afirma que a reunião que precedeu sua demissão contém “inquietantes declarações de tom autoritário”.

O ex-ministro demorou a sair do sossego. Moro foi rotineiramente sabotado e humilhado pelo chefe desde a inauguração do mandato. Mesmo assim, agiu como advogado de Bolsonaro e acobertou até as investidas mais perigosas do chefe.

Em agosto de 2019, sob pressão do presidente, Moro trocou o comando da Polícia Federal no Rio. Depois de engolir a mudança, ele espalhou a versão de que tudo era um mal-entendido. No programa Roda Viva, em janeiro, ele quis disfarçar: “Tentaram fraudulentamente colocar o presidente contra a Polícia Federal”.

Àquela altura, o ex-juiz já sabia que o desejo de Bolsonaro era derrubar o diretor-geral Maurício Valeixo —o próprio Moro reconheceu isso à PF, há quase duas semanas. Ainda assim, continuou dizendo que Bolsonaro respeitava a autonomia do órgão.

Os advogados de Moro afirmam que o ex-juiz foi ameaçado por não endossar a campanha para “minimizar a gravidade” do coronavírus. Em março, porém, ele ameaçou encerrar uma entrevista à Folha ao ser lembrado do comportamento irresponsável do presidente na crise.

O ex-ministro também diz que se tornou alvo por não aderir aos protestos golpistas a favor do presidente.

Em junho de 2019, ele festejou uma manifestação pró-Lava Jato em que houve ataques ao Supremo.
Após romper com o presidente, Moro declarou ter se tornado vítima de fake news. Meses antes, ele disse ao canal de Eduardo Bolsonaro que havia “um certo exagero” em relação à máquina de mentiras governista.

Auxiliar do ex-ministro, o juiz aposentado Vladimir Passos de Freitas afirmou que o colega “não tinha nem ideia” de como seria trabalhar com Bolsonaro. Depois de conhecer o chefe, Moro preferiu ficar calado.

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