Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro faz operação para disfarçar sabotagem na pandemia

Mutação de Bolsonaro é uma anomalia que só pensa em preservar a própria imagem

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O governo lançou uma operação desesperada para disfarçar a sabotagem de Jair Bolsonaro aos esforços de combate à pandemia. O estrago está feito, mas o presidente abriu um baú de mentiras, distorções e omissões para fingir que jamais criou embaraços à vacinação ou desestimulou medidas de proteção.

Depois de incentivar aglomerações e ignorar o uso de máscaras, Bolsonaro apareceu com o nariz e a boca cobertos durante um evento oficial nesta quarta (10). No início do ano, ele dizia que a eficácia daquele equipamento era "uma ficção".

A cerimônia foi o mais recente ato da encenação que tenta encobrir o desprezo do governo na busca por imunizantes. Num discurso, Bolsonaro listou ações burocráticas e omitiu as dificuldades que ele mesmo fabricou no caminho.

A trama começou há pouco mais de um mês. No início de fevereiro, o presidente alegou que nunca fora "contra a vacina". O passado desmente Bolsonaro. Ele já afirmou que pegar o vírus era "a melhor vacina" e fez propaganda de remédios ineficazes contra a Covid ao sugerir que seria "mais barato investir na cura".

O objetivo do governo é não só abafar as declarações de Bolsonaro mas convencer o país de que fez o possível para garantir a imunização dos brasileiros. Basta lembrar, porém, que o ministro da Saúde desdenhou da angústia pela vacinação e que o presidente recomendou comprar doses "na casa da tua mãe".

Bolsonaro sentiu o aperto dos números vacilantes da economia e a pressão de empresários impacientes com a demora na imunização. Também decidiu testar a variante enganadora ao enxergar um discurso pró-vacina do lado oposto da arena política, com o ex-presidente Lula.

A mutação de Bolsonaro é uma anomalia. Ele nunca se mostrou interessado em criar um plano para o país e, agora, só pensa em preservar a própria imagem. Ao menos uma coisa não mudou: o presidente não disse uma única palavra para reconhecer a tragédia de um país com 2.349 mortos num único dia.

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