Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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CPI já provou a negligência do governo na compra de vacinas

Bolsonaro e auxiliares se esforçaram para deixar os brasileiros sem imunizantes

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Jair Bolsonaro se esforçou para deixar os brasileiros sem vacina contra a Covid-19 enquanto foi possível. Quase toda a estrutura do governo parece ter se mobilizado para ignorar ofertas iniciais do imunizante, apontar dificuldades que poderiam ter sido solucionadas com um pouco de trabalho e adiar ao máximo a chegada de doses por aqui.

Na melhor das hipóteses para Bolsonaro, foi exposta a total incompetência do governo para administrar o país, num momento em que as vidas de milhares de cidadãos dependiam de uma ação eficiente. Sob um ângulo mais realista, ficou caracterizada a negligência do presidente e de seus auxiliares em mais um momento crítico da pandemia.

O governo ignorou pelo menos dez emails enviados pela Pfizer durante a negociação para a compra de até 70 milhões de doses da vacina da farmacêutica. Os documentos, revelados pela repórter Julia Chaib, indicam que o Palácio do Planalto demonstrou desinteresse pelo imunizante e atrasou em cerca de um mês as conversas com a empresa.

Agora, sob fogo na CPI da Covid, o governo trabalha dobrado para inventar justificativas sem pé nem cabeça para aquela omissão —no mesmo nível da piada do presidente sobre vacinados que viram jacaré.

Nas últimas semanas, os bolsonaristas disseram à comissão que era impossível fechar o acordo com a farmacêutica porque a vacina da Pfizer não tinha uso autorizado pela Anvisa. Balela: o presidente da empresa, Carlos Murillo, avisou ao governo que era possível acertar o negócio “sem qualquer risco/prejuízo” ao país caso o imunizante não recebesse o aval da agência.

A tropa de choque do governo e o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmaram ainda que cláusulas rigorosas impediam a assinatura do contrato. As condições da Pfizer eram mesmo despropositadas, mas o país topou as exigências, meses depois, ao aprovar um projeto que autorizava a União a assumir responsabilidades. O governo não tomou iniciativa antes porque não quis.

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