Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu inflação juros

Paulo Guedes entra em choque com planos de Bolsonaro ao desdenhar de inflação

Ministro fala dos custos de vida da população como se fossem detalhes desprezíveis

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Paulo Guedes tem um plano para enfrentar as incertezas que levantaram a ameaça de um apagão e fizeram disparar a conta de luz. As tarifas já pressionam o orçamento da população mais pobre, mas o ministro avisou que o preço vai subir ainda mais. "Temos de enfrentar a crise de frente", resumiu. "Não adianta ficar sentado chorando."

O chefe da equipe econômica fala dos custos de vida da população como se fossem detalhes desprezíveis. Guedes já afirmou que a alta do preço do arroz era só um efeito da melhora na vida dos brasileiros de baixa renda. Na semana passada, ele disse que uma inflação de 8% neste ano não seria nenhum descontrole e que o país estava "dentro do jogo".

A demofobia do ministro é um elemento tradicional da política econômica do governo Jair Bolsonaro. Guedes fez pouco caso de empregadas domésticas que aproveitaram o dólar baixo para viajar ao exterior e dos porteiros que mandaram filhos para a universidade com financiamento público. Agora, ele diz que é preciso engolir o choro e pagar as contas.

Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia) durante cerimônia sobre a nova política de combustíveis do governo - Pedro Ladeira/Folhapress

No meio da semana, Guedes afirmou que não era preciso ter medo de encarar a crise. "Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara?", indagou, insinuando que o cenário era inflado por uma antecipação do ambiente eleitoral. Ele poderia refazer a pergunta às famílias pobres que já enfrentam uma inflação acumulada de mais de 10%, puxada pelo custo da energia.

O desdém do ministro entra em choque com as aflições políticas de Bolsonaro. O presidente já identificou a inflação como um dos maiores riscos à sua campanha pela reeleição. Guedes pode fingir que o problema não existe, mas a bomba vai explodir no colo de seu chefe.

O ministro deve mesmo achar que a inflação de 8% não é o fim do mundo e que o aumento da conta de luz é razoável, mas ignorar essas pressões atrapalha os planos eleitorais de Bolsonaro. Se o presidente realizar o sonho de dar um golpe para continuar no poder, Guedes não precisará mais se preocupar com o povo.

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