Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Rússia

Reação do governo na guerra mostra que preços são principal risco para Bolsonaro

Ameaça de disparada de preços dos combustíveis produziu um ajuste na máquina da reeleição

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O risco de uma disparada do preço dos combustíveis produziu um ajuste na máquina eleitoral de Jair Bolsonaro. Embora defendam o uso de armas diferentes, a ala política e a equipe econômica do governo sinalizam que alguma intervenção será necessária para conter aumentos excessivos nas bombas nos próximos meses. A campanha levou os dois lados a falarem línguas parecidas.

A reação do consórcio bolsonarista à nova alta do petróleo indica o perigo que esse grupo enxerga nas bombas de combustíveis. Símbolo do desconforto vivido pelos brasileiros nos últimos anos, a alta acentuada de preços é considerada dentro do governo uma das principais ameaças à recuperação da popularidade do presidente e à reeleição.

A guerra na Ucrânia mexeu com algumas expectativas políticas para o ano de campanha. Os últimos meses haviam dado algum alívio a Bolsonaro, com sinais difusos de bem-estar econômico se traduzindo em pontos positivos para o presidente nas pesquisas. Mas os impactos do conflito nos preços dos alimentos e da energia devem renovar alguma insatisfação no eleitorado.

Posto vende gasolina aditivada a R$ 8,29, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador - Franco Adailton - 7.mar.2022/Folhapress

Uma pressão inflacionária atingiria grupos importantes para Bolsonaro. A comida mais cara, com a alta do trigo e dos fertilizantes, afetaria principalmente os mais pobres, recém-beneficiados com o Auxílio Brasil. A alta dos combustíveis azedaria uma classe média com inclinações bolsonaristas e grupos organizados, como os caminhoneiros.

O Brasil vai atrás de fontes para compensar a limitação dos fertilizantes russos, mas o esforço de guerra mais significativo do governo está na gasolina e no diesel. Mesmo a equipe de Paulo Guedes reduziu as resistências a alguma política de controle temporário nas bombas.

Até aqui, Bolsonaro foi convencido a deixar no papel seus planos de interferência no setor, em nome da manutenção de uma fantasiosa marca liberal do governo. Agora, com sua sobrevivência em jogo e uma guerra como justificativa, o preço político dessa conversa mudou.

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