Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Banco Central São Paulo

Campos Neto ensaia repetir Sergio Moro com um agravante

Hipótese de dobradinha com Tarcísio é traçada enquanto chefe do Banco Central ainda está na cadeira

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Brasília

Quando apareceu para votar com uma camisa da seleção brasileira, Roberto Campos Neto tinha a certeza de que continuaria no cargo mesmo que seu candidato favorito perdesse a eleição. A autonomia do Banco Central foi criada para dar estabilidade ao presidente da instituição, mas também abriu margem para certos atrevimentos particulares.

Campos Neto nunca demonstrou a intenção de esconder seus aliados, amigos e afinidades partidárias. Sem subordinação formal ao governo desde 2021, almoçava rotineiramente com Paulo Guedes e participava de um grupo de WhatsApp com a equipe de Bolsonaro. Na eleição, segundo a revista Piauí, preparou um modelo matemático para ajudar a campanha do então presidente.

A lei de autonomia foi desenhada para obrigar um governante a conviver, por dois anos, com um presidente do BC indicado por seu antecessor. Nada proíbe que esse banqueiro central desfile com seus aliados, amigos e afinidades partidárias. O problema começa a aparecer quando essas relações passam a fazer parte de um projeto político.

A medalha dada a Campos Neto por deputados bolsonaristas na Assembleia de São Paulo, na segunda (10), entraria para o extenso rol de honrarias insignificantes da política nacional não fosse a cortesia de Tarcísio de Freitas ao oferecer um jantar para homenagear o presidente do BC e fazer propaganda de um certo alinhamento entre os dois.

Além da simbólica dobradinha, o evento fez com que deixasse de correr apenas à boca miúda a ideia de que Campos Neto poderia ser ministro da Fazenda caso Tarcísio chegasse à Presidência, como relatou o Painel S.A.. Um político influente com acesso à dupla disse a esta coluna que o próprio chefe do BC já teria apontado essa possibilidade.

Se a comparação com Sergio Moro é inevitável, a hipótese de Campos Neto tem um agravante: o plano é traçado enquanto o chefe do BC ainda está sentado na cadeira, com pretensões que dependem, necessariamente, do sucesso da oposição.

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