Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula estica queda de braço e leva conflito da economia para o campo político

Disputa obriga presidente a enfrentar flutuação amarga no mercado a cada declaração

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Brasília

Depois da briga com o Banco Central, Lula esticou sua queda de braço. Primeiro, deu uma entrevista em que atribuiu a manutenção da taxa de juros aos interesses de especuladores e do "sistema financeiro". Depois, durante um evento, disse que vê os ricos "mamarem naquilo que o povo paga de Imposto de Renda".

O choque com a elite econômica e o mercado financeiro é uma página conhecida da cartilha do presidente. Ainda assim, o petista reconheceu a voltagem daquelas declarações: "As pessoas podem dizer: 'Mas o Lula está radical'. Eu não estou radical. Eu estou apenas tentando contar uma história para vocês".

Lula leva para o campo político dois conflitos incômodos para o governo na economia. Um deles é a resistência do BC a um corte de juros, fator que os petistas consideram uma trava aos investimentos no país. O segundo é a pressão por um ajuste nas contas públicas com uma tesourada considerável nos gastos.

O petista atravessou a semana de mãos atadas diante de um Banco Central em que o governo é minoritário. Sabendo que seria derrotado, apontou o dedo para os nítidos vínculos políticos de Roberto Campos Neto e, na sequência, argumentou que a escolha do BC era uma vitória dos mais ricos. "Quem está perdendo é o povo brasileiro", declarou.

O presidente Lula (PT) durante cerimônia em Fortaleza - JL Rosa/AFP

A oposição voltou a aparecer nos comentários do presidente sobre a cobrança por um corte de despesas. "São os ricos que se empoderam de uma parte do Orçamento do país e se queixam do que você está gastando com o povo pobre", afirmou.

Lula escolheu marcar posição diante do que parecia uma capitulação do governo nesse assunto. Se o ajuste fiscal for inevitável, o petista quer ditar seus termos e reduzir ao máximo o impacto sobre sua base eleitoral.

Essa disputa política obriga o presidente a enfrentar uma amarga flutuação do mercado financeiro a cada declaração sobre o tema. Na transição, Lula afirmou que "o mercado fica nervoso à toa". Nesta quinta (20), o dólar bateu R$ 5,46 e chegou ao maior valor de seu governo.

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