Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu São Paulo

Medo de apostar no perdedor deixa Bolsonaro em situação ridícula

A cada dia que passa, a bênção do ex-presidente tem menos peso na eleição de São Paulo

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Se pudesse, Jair Bolsonaro só escolheria um candidato em São Paulo depois da apuração dos votos. O medo de apostar no cavalo perdedor expõe o ex-presidente a uma situação ridícula. Após fechar negócio com Ricardo Nunes, bater boca com Pablo Marçal e ameaçar virar a casaca, o capitão chega ao último mês de campanha sem saber o que fazer.

Bolsonaro estava pronto para romper com Nunes e abraçar Marçal. O ex-presidente estava duplamente abalado. Corria o risco de sofrer uma derrota humilhante ao lado do prefeito, vendo o ex-coach ganhar terreno na direita sem pedir licença. A solução seria mudar de lado.

A última pesquisa do Datafolha confundiu a cabeça de Bolsonaro mais uma vez. Nunes mostrou que ainda é capaz de contestar o favoritismo de Marçal na direita. Como nenhum dos dois tem vaga garantida no segundo turno, Bolsonaro assumiu o próprio oportunismo e disse que "está muito cedo" para entrar de cabeça na campanha do prefeito.

A vitória de candidatos de esquerda não é o maior perigo que se apresenta diante de Bolsonaro nestas eleições. A pior derrota que o ex-presidente poderia sofrer seria o sucesso de candidatos de direita que não precisaram ou até abriram mão de seu apoio.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na convenção do MDB que lançou a candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição em São Paulo - Rafaela Araujo/Folhapress

A hesitação de Bolsonaro reflete esse receio. Marçal e Nunes aparecem na ponta das pesquisas sem nenhum impulso direto do ex-presidente. Ao contrário, o ex-coach passou uma semana sob artilharia dos bolsonaristas, enquanto o prefeito foi praticamente ameaçado de abandono.

O capitão tenta corrigir a rota de maneira envergonhada, sem escolher um caminho. No 7 de Setembro, o ex-presidente abriu espaço para "qualquer candidato" que quisesse comparecer à manifestação, com uma restrição: "Obviamente, não vão usar o microfone porque seria um comício".

Bolsonaro deveria calcular com cuidado seus próximos passos. Se rifar Nunes de vez e o prefeito sobreviver, o mérito será do candidato e de Tarcísio de Freitas, que parece disposto a permanecer a seu lado. Se o ex-presidente continuar em cima do muro e Marçal avançar, o ex-coach não precisará dividir os louros. A cada dia que passa, a bênção de Bolsonaro tem menos peso nessa disputa.

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