Catarina Rochamonte

Doutora em filosofia, pós-doutoranda em direito internacional e autora do livro 'Um Olhar Liberal Conservador sobre os Dias Atuais'

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Catarina Rochamonte
Descrição de chapéu Folhajus

A política como ela é

Encaramos como ela é; pouco nos importando como ela deve ser

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O novo líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (Progressistas) é um expoente do centrão que já foi condenado a ressarcir os cofres públicos quando prefeito de Maringá, apareceu na lista da Odebrecht como beneficiário de propina, foi denunciado por improbidade administrativa quando ministro da Saúde, teve o mandato cassado por compra de votos (ingressou com recurso que anulou a decisão), foi relator do projeto de lei contra o abuso de autoridade e, adivinhem só, é um dos inúmeros inimigo da operação Lava Jato.

Na sua primeira entrevista depois de se tornar líder, Barros atacou Sergio Moro, disse que a Lava Jato estava sendo "combatida até pelo procurador-geral da República" e que as suas ilegalidades seriam passadas a limpo. Ou seja, reproduziu a ladainha que até pouco tempo era exclusividade da esquerda.
Mas ele declarou também que assumiu a posição de líder "justamente na hora em que o presidente Bolsonaro se articula com a política como ela é."

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O novo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas) - Gilmar Felix/Câmara dos Deputados

Infelizmente somos herdeiros de Maquiavel. Encaramos a política como ela é; pouco nos importando como ela deve ser. Aceitamos passivamente o corte entre política e ética perpetrado pelo pensador florentino e já não ousamos conceber a virtude e o bem comum como meta da vida pública. Somos modernos. Entendemos a política como conquista e manutenção do poder; fim esse para consecução do qual todos os meios são válidos.

Vale se aliar à velha política jurando de dedinho combater o establishment; vale sancionar fundo eleitoral, juiz das garantias, lei de abuso de autoridade, limitação de delação premiada e restrição de prisão preventiva. Vale dizer que vai dar carta branca a Moro e em seguida tentar interferir no seu ministério. Vale interferir na Polícia Federal, nomear petista para PRG e assessor de Toffoli para Ministério da Justiça. Vale trocar dois ministros da Saúde em meio a uma pandemia. Vale tudo na política porque esse vale tudo é justamente "a política como ela é."

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