Catarina Rochamonte

Doutora em filosofia, pós-doutoranda em direito internacional e autora do livro 'Um Olhar Liberal Conservador sobre os Dias Atuais'

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O procurador sob encomenda e a CPI da Lava Jato

Da esquerda petista à direita bolsonarista, passando pelo STF, fez-se vergonhoso acordo que dá sustentação política a ações em favor da impunidade

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Augusto Aras foi colocado sob encomenda na Procuradoria-Geral da República. Sob encomenda para fazer o quê? Ao que parece, para destruir a Operação Lava Jato.

Na semana passada, Aras participou de “live” transmitida pelo canal do PT no YouTube e promovida pelo grupo Prerrogativas (uma associação de advogados adversários da Lava Jato). Ali, Aras falou de modo acusatório e leviano contra a operação. Sua fala deixou petistas de “alma lavada”, dando-lhes novo ânimo. Em meio à euforia, deputados conseguiram o número de assinaturas necessárias para instalar a “CPI da Lava Jato.”

Articulada por partidos de esquerda, a mal-intencionada CPI conseguiu apoios do centrão, o pântano fisiológico onde o presidente Bolsonaro resolveu lançar sua âncora de governabilidade. Da esquerda petista à direita bolsonarista, passando pelo STF, fez-se um amplo e vergonhoso acordo que dá sustentação política a ações aberrantes em favor da impunidade por parte de instituições que têm o dever de combatê-la.

Questionado por senadores acerca de suas infelizes declarações, o procurador-geral reiterou as críticas à Lava Jato e acrescentou que a República não combina com heróis.

De fato, a vida política do nosso país é tão mesquinha e ordinária que aqueles que tentam fazer valer justiça contra os poderosos são detratados por uma narrativa enviesada e hipócrita que ousa transformar quem combateu o crime em criminoso.

Nesse clima geral pró impunidade, Gilmar Mendes aguarda o momento propício para julgar o pedido de suspeição de Moro, Dias Toffoli suspende investigações sobre José Serra, além de propor, com apoio de Rodrigo Maia, uma lei de quarentena de oito anos para magistrado que queira pleitear cargo público, enquanto o notório Renan Calheiros depõe ao CNMP em processo contra Deltan Dallagnol.

Esse triste quadro lembrou-me um sermão do Padre Antônio Vieira: “porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse.”

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