Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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2018, o ano que já começou

Agenda está carregada de eventos decisivos para a construção de um novo Brasil

Eleição é o evento mais importante na agenda do país neste ano
Eleição é o evento mais importante na agenda do país neste ano - Diego Herculano - 29.set.2016/Folhapress

Findo o Carnaval, começa o ano civil, com uma agenda carregada de eventos decisivos para a construção de um novo Brasil e, certamente, o mais importante nesse processo são as eleições para governos estaduais, Presidência, Câmara e Senado. Teremos a chance de repensar a política tal como ocorre hoje. Sim, a democracia é desafiadora, construir consensos em um país tão polarizado não será fácil, mas todas as alternativas a esse lento processo são piores.

Tão importante quanto os chefes de Executivo que iremos escolher é refazer o Congresso com parlamentares comprometidos com um país mais justo, que ofereça oportunidades a todos e que coloque o Brasil numa trajetória de desenvolvimento sustentável e inclusivo, apto a participar em um mundo cada vez mais integrado.

Os futuros legisladores terão que aprofundar a reforma política, para reduzir as chances de sucesso do fisiologismo e da corrupção, e precisarão atentar para a agenda de construção de capital humano, sem o que o país continuará desigual e pouco competitivo.

Isso inclui investimentos fortes em educação de qualidade, dentro do que preconiza o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, aprovado em setembro de 2015 —assegurar que todos os jovens completem os ensinos fundamental e médio, tenham acesso a programas de primeira infância de qualidade e tenham competências necessárias para empregabilidade ou empreendedorismo. Demandará ainda melhoria da atenção à saúde e uma rede de proteção social para os vulneráveis.

Precisamos, pois, de parlamentares e governantes atentos a essas pautas e aptos a serem aconselhados por técnicos, o que demanda um misto de visão, firmeza e humildade. A construção de boas políticas públicas exige sequenciamento entre administrações, e não reinventores de rodas que vão "mudar tudo o que está aí".

Trata-se também de um ano de Pisa, teste internacional aplicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para jovens de 15 anos e, mais uma vez, daremos visibilidade a um sistema educacional com enormes desafios. Precisamos agir com base nas informações de edições anteriores e mudar a forma como teimamos em ensinar.

Para isso, a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricular precisa ser convertida em currículos, com materiais de apoio aos professores, investimento em formação e a conclusão da parte referente ao ensino médio. Precisamos neles incluir maior conexão com um mundo incerto, em que tarefas são automatizadas.

Para tanto, competências de base devem ser ensinadas no ensino regular para que, no futuro, novas habilidades possam ser adquiridas sempre que postos de trabalho desapareçam. Sem isso, não há desenvolvimento inclusivo nem país competitivo.

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