Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Claudia Costin

Transformando a primeira infância, ajudando a construir boas práticas

Criança precisa de abordagem integrada por diferentes políticas públicas para se desenvolver

Na semana passada, cinco secretários municipais de educação e dois de saúde, com  membros de suas equipes, foram participar de um curso na conceituada Teachers College da Universidade de Columbia. Na pauta, projetos de melhoria do cenário da primeira infância no país.

Os critérios para participação do curso foram rigorosos: envolviam um projeto consistente para assegurar o pleno desenvolvimento de bebês e crianças pequenas em cada cidade, que deveria contar com um claro apoio do prefeito. 

Os projetos foram detalhados a partir de uma oficina, realizada no Rio de Janeiro, junto com uma mentora para cada time municipal e uma professora do Teachers College, que estruturou a metodologia para elaboração das propostas.

Os municípios selecionados refletem a diversidade das condições de vida da infância no país, incluindo Boa Vista, Belo Horizonte, Fortaleza, Manaus, Ponta Grossa, Recife e Taubaté.

 Os projetos elaborados iam da tradução da Base em currículos municipais e a definição de estratégias de transição da pré-escola para o ensino fundamental à formação de agentes comunitários de saúde para uma visitação domiciliar com uma abordagem intersetorial. 

O mais interessante foi, já em Nova York, a integração das equipes de saúde e educação.

O fato de que eram de cidades diferentes ajudou a quebrar os muros que separam as burocracias e, num curso estruturado para as necessidades de cada projeto —envolvendo não só aulas expositivas, mas relatos dos projetos e aconselhamento de professores especializados em cada tema—, possibilitou a incorporação da perspectiva das duas áreas nas propostas. 

Afinal, não existe uma infância da saúde e outra da educação. Trata-se da mesma criança e ela precisa de uma abordagem integrada por diferentes políticas públicas para se desenvolver.

Necessita também de um olhar que não exclua seus pais da equação. Ajudá-los a construir vínculos afetivos com seus filhos e apoiá-los na tarefa de educar e cuidar de sua saúde é também papel de programas sociais que são especialmente necessários quando se lida com vulnerabilidade.

Para isso, não basta desenhar bons projetos. Há toda uma ciência da implementação, conforme lições recebidas no Teachers College, e ela envolve capacitar os agentes públicos envolvidos, prever mecanismos transparentes de monitoramento e avaliação e uma estratégia sólida de comunicação com todos os atores.

O trabalho prossegue no Brasil nos próximos meses e certamente resultará em iniciativas inovadoras que tornarão o Marco Legal da Primeira Infância uma realidade tangível nessas cidades escalável para o resto do país.
 

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