Nos próximos 30 anos, mais 4 bilhões de pessoas ingressarão nas áreas urbanas em todo o mundo.
Nos países em desenvolvimento, onde a maior parte desse crescimento populacional ocorrerá, as cidades em rápida expansão precisarão atender às crescentes demandas por infraestrutura.
Sem infraestrutura eficiente, os problemas urbanos tendem a se agravar, e esse crescimento populacional pode ter como consequência um espalhamento das cidades com impactos ambientais significativos.
Nos países desenvolvidos, a expansão urbana é mais lenta, mas a demografia populacional deve mudar e, com isso, surgem novas demandas e funções na cidade, que deve se adaptar para manter o desenvolvimento sustentável e ambientalmente equilibrado.
A intensificação dos níveis de urbanização cria problemas, tanto para cidades em expansão quanto para as novas, em desenvolvimento. O incremento da população leva ao aumento da demanda por infraestrutura urbana operativa e confiável, o que envolve o uso do espaço superficial ou aéreo das cidades para acomodar essas funções.
Por outro lado, o uso do espaço subterrâneo pode ajudar as cidades a atender essas demandas, mantendo-as compactas ou até mesmo liberando áreas para novas funções em uma estrutura urbana existente.
Normalmente, só se utilizam soluções subterrâneas para resolver problemas urbanos quando todas as opções acima do solo tiverem sido esgotadas. Contudo, se a utilização do subsolo for considerada e avaliada a partir do planejamento ou dos estágios iniciais do projeto, amplia-se bastante o leque de soluções possíveis utilizando-se o espaço subterrâneo.
O uso do subsolo não deve limitar-se a projetos de infraestrutura de grande escala. Existem diferentes e inovadoras maneiras de utilizar o subsolo em atividades comerciais, de armazenamento, transporte, saneamento e conservação do patrimônio, além da utilização em modelos mais arrojados de estruturas urbanas.
A construção de túneis para aumentar a capacidade de escoamento de águas pluviais e evitar enchentes, por exemplo, é alternativa interessante usada em Tóquio, no Japão. Na cidade de Kuala Lumpur, na Malásia, esse conceito foi aperfeiçoado, já que um túnel semelhante funciona como via rodoviária durante períodos de seca e é fechado para o tráfego e usado como túnel de águas pluviais durante períodos de chuvas intensas.
Outro aspecto importante reside na preservação de patrimônio histórico. Existem exemplos de museus com novas extensões subterrâneas, como o Louvre, em Paris; e, na Holanda, o Rijksmuseum (Amsterdã) e o Mauritshuis (Haia).
Em todos estes casos, as extensões dos edifícios aconteceram sem alterar suas características arquitetônicas originais do ponto de vista da visualização pela rua e, ao mesmo tempo, criando os espaços necessários para sua expansão.
Mais um exemplo são as estações subterrâneas de tratamento de águas residuais em Estocolmo (Suécia), Roterdã (Holanda) ou Guangzhou (China). As experiências mostram que essas instalações não apenas liberam espaço na superfície, mas também reduzem o impacto olfativo em residências vizinhas e o impacto ambiental geral das águas residuais.
Certamente, o planejamento das cidades deve considerar as soluções subterrâneas. Aumentar a consciência dos benefícios que esses espaços podem trazer é um primeiro passo para o uso sistemático desses ambientes urbanos alternativos.
O desenvolvimento das áreas subterrâneas pode ser uma importante ferramenta para dar novas formas às áreas urbanas e permitir enfrentar os futuros desafios da operação das cidades com maior eficiência.
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