Deborah Bizarria

Economista pela UFPE, estudou economia comportamental na Warwick University (Reino Unido); evangélica e coordenadora de Políticas Públicas do Livres

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Os desafios do excesso de informação nas mídias sociais

Compartilhar notícias positivas ajuda no equilíbrio emocional

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Só nesta semana tivemos: a sabatina do Zanin para o STF, o julgamento da possível inelegibilidade de Bolsonaro, o desaparecimento de um submarino, o arcabouço fiscal sendo discutido no Senado, a ata do Copom mantendo a taxa de juros em 13,75% e a viagem de Lula à França, para citar alguns exemplos. Essa quantidade atípica de grandes temas para acompanhar de perto me levou a pesquisar os efeitos do excesso de informação e o cansaço de notícias para o debate público.

Nesse contexto, alguns estudos apontam para um fenômeno: o comportamento de evitar notícias. Trata-se da atitude de reduzir ou abandonar o seu consumo por diferentes motivos, o que pode ter consequências negativas para o debate público. A percepção de sobrecarga e fadiga de notícias levou a mais pessoas a reduzirem a sua exposição, conforme analisou um estudo de Haeyeop Song, Jaemin Jung e Youngju Kim. Ou seja, a sensação de cansaço dos Sul-Coreanos frente a um grande volume de informações reduziu as horas de consumo e aumentou sua disposição para usar serviços de curadoria de notícias.

A pesquisa de Chang Sup Park investiga como a percepção da sobrecarga de informações nas redes sociais afeta a redução do consumo de informações e o uso do filtro social. A pesquisa analisa o papel da convicção na eficácia das notícias, que é definida como a crença de que podemos encontrar e compreender o que desejamos nas mídias sociais. O filtro social, por sua vez, refere-se à tendência de selecionar e consumir relatos que estão alinhados com nossas crenças e valores, evitando aqueles que as desafiam. Os resultados revelam que a sensação de sobrecarga de notícias reduz a eficácia de noticias percebida nas mídias sociais, o que, por sua vez, leva a uma maior redução na exposição a informações e ao uso do filtro social para analisá-las.

Nesse sentido, o uso de filtro social é uma estratégia utilizada para lidar com a quantidade excessiva de notícias nas mídias sociais, simplificando as informações disponíveis. No entanto, também pode ter consequências negativas, já que reduz a exposição à diversidade de opiniões e perspectivas, limitando o debate público e favorecendo a polarização. Na prática, ao selecionar apenas as notícias que confirmam suas próprias crenças, as pessoas podem se isolar em bolhas ideológicas e mostrar resistência a mudar de opinião ou dialogar com pessoas de visões diferentes.

Internauta navega em tablete com o agregador de notícias Flipboard - Divulgação

Além disso, o processo de evitar as notícias representa um desafio, pois resulta em menor grau de informação e envolvimento dos cidadãos em assuntos públicos. Essa falta de acesso a diferentes perspectivas e fontes confiáveis também pode contribuir para a polarização e a desconfiança nas instituições democráticas. O processo deliberado evitar notícias favorece o isolamento em bolhas ideológicas e a exposição a fontes não confiáveis ou manipuladoras.

Diante dessas questões, é necessário adotar medidas para minimizar os efeitos da evitação de notícias e do filtro social. Uma das soluções por parte do usuário é o hábito de desconfiar de relatos que saem em portais obscuros e passar a selecionar fontes de notícias confiáveis e diversificadas, evitando fontes sensacionalistas, partidárias ou manipuladoras.

Outra medida é buscar e compartilhar notícias positivas ou inspiradoras, que mostram soluções, esperança ou resiliência diante dos problemas. Isso pode contribuir para um maior equilíbrio emocional e evitar a sobrecarga de informações negativas. Além disso, é fundamental separar tempo para o bem-estar físico e mental, com práticas como exercícios, hobbies, leitura, se encontrar com amigos e familiares, entre outras. Essas atividades ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade relacionados ao consumo excessivo de notícias.

Também é necessário manter contato com pessoas que tenham opiniões diferentes das suas e que sejam respeitosas e abertas ao diálogo. Assim, há menores chances de isolamento em bolhas ideológicas e uma maior compreensão e tolerância entre os indivíduos. A diversidade de visões de mundo é essencial para um debate público saudável e para o fortalecimento da democracia.

Quando aplicadas em conjunto, essas medidas podem ajudar a equilibrar o consumo de notícias, reduzindo os efeitos negativos do cansaço de informações e das bolhas ideológicas. Cada pessoa pode encontrar estratégias que sejam adequadas às suas necessidades e preferências pessoais.

Ao implementar essas soluções, é possível promover um ambiente informado, diversificado e saudável, onde a democracia e o debate público possam prosperar.

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