O monopólio, esse incompreendido

O comediante e escritor inglês John Cleese observou recentemente que quando pergunta a pessoas que parecem saber o que fazem, em qualquer área, quantos de seus colegas realmente sabem o que fazem, ele obtém uma resposta afirmativa em torno de 10% ou 15%. O percentual mais alto fica em torno de 20%.

Eu diria que 10% é uma estimativa muito boa, talvez um pouco elevada, para pessoas que se dizem "economistas". Se colocarmos nessa categoria todas as pessoas que ousam ter uma opinião confiante sobre a economia —sejam elas economistas ou não—, a taxa cairia para talvez 2%. Quando ouço o noticiário de economia ou política, vejo-me gritando muito com a TV.

Um assunto que quase todos entendem mal, mesmo 90% dos "economistas", é o monopólio.

"Monopólio" significa em grego "um vendedor". Pode ser utilizado para abranger de forma mais vaga "alguns vendedores", "oligopólio", como a indústria de automóveis. E inclui até muitos vendedores, se estes agirem como um grupo governado centralmente, como é o caso dos táxis na Alemanha —país que desde 2019 proibiu as viagens de Uber que brasileiros e americanos tanto apreciam.

Antes do Uber, os táxis em todos os lugares eram "cartéis" regulamentados em cada cidade, e já o eram havia séculos.

Mas espere. O Uber é um vendedor. Atualmente, tem pouquíssimos concorrentes, como o Lyft. É isso então um monopólio? Não. É uma empresa de sucesso, só isso.

Da mesma forma, a Amazon tem quase todos os negócios de atendimento nos Estados Unidos durante esta nova era da internet. Do mesmo modo como eram a Sears-Roebuck e outras empresas de venda por correio há cerca de um século, naquela nova era das redes ferroviárias recém-concluídas.

Em outras palavras, existem duas maneiras de se tornar o único vendedor. Uma delas, ruim tanto para você como para mim, é corromper o Estado, como fizeram as empresas de táxi por muito tempo, para tornar ilegal a entrada de concorrentes.

Você vai para a prisão se alegar ser médico e não tiver uma licença estadual. Os médicos são um cartel patrocinado pelo Estado.

A outra maneira de haver um único vendedor é ele ser bom no seu trabalho. Uber. Amazon. Viva!
Mas também a Pan American Airlines, que já foi a principal fornecedora de voos dos Estados Unidos para a América Latina. Agora está extinta.

Não era um monopólio, porque não estava totalmente protegida pelos Estados contra a entrada de concorrentes.

Viva novamente.

_{Tradução de Luiz Roberto Gonçalves}