Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

Por que as pessoas amam o estatismo

Do modo atual, nossas vidas estão repletas de ganchos e correntes arranjadas pelo Estado

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Por que a maioria das pessoas de boa vontade —e também as de má vontade, mas por razões diferentes— rejeitam o liberalismo? Refiro-me ao verdadeiro liberalismo, à mais corriqueira liberdade de permissão, retirar os ganchos e as correntes do caminho de cada cidadão. Do modo atual, nossas vidas estão repletas de ganchos e correntes arranjadas pelo Estado. Tarifas estatais. Licenciamento profissional estatal. Regulamentação estatal de tudo, da abertura de uma mercearia até a definição de dinheiro. Bancos centrais. Exércitos. Polícia secreta.

É claro que uma jovem de 16 anos é incrivelmente ignorante sobre o funcionamento das coisas, embora ela não pense assim. No entanto, por volta dos 21, ela decidiu durante esses cinco anos, com um estudo mínimo do assunto, qual será sua política para o resto da vida. Se ela escolheu A Revolta de Atlas, de Ayn Rand [publicado em 2010 e anteriormente, em 1987, como Quem É John Galt?], poderia se tornar uma libertária. Se ler Estado e Revolução, de Lenin, seria comunista. Se Judaísmo, Maçonaria e Comunismo, de Barroso, uma fascista. A maior parte das opiniões políticas oferecidas na ficção e na não ficção são estatistas, favorecendo o governo de nossos senhores reais, à maneira, por exemplo, da maior parte da ficção científica e de praticamente tudo o que foi escrito antes de 1776. Ela terá sorte se encontrar um liberalismo como na última década de George Orwell, em A Revolução dos Bichos ou 1984.

Capa do livro: A revolução dos bichos, de George Orwell - Reprodução

Além disso, o estatismo parece razoável para quem quer ser cuidadoso no planejamento. Você planeja sua próxima hora, semana, vida. Parece prudente planejar também a economia, ter banqueiros centrais gerindo a oferta monetária e afirmando que oferecem pousos suaves, ou regulando os mercados em vez de deixá-los à vontade.

No entanto, como diz o livro de Eclesiastes, "o tempo e o acaso acontecem a todos". Para a mente da jovem de 16 anos, isto parece totalmente inaceitável. Vamos traçar o futuro, por exemplo, entrando na universidade para estudar engenharia. É verdade que qualquer adulto sabe amargamente que é comum as coisas não funcionarem como planejado —que a batalha nem sempre é para os fortes ou a corrida para os rápidos. Mas aos 16 ninguém faz isso. Mole, mole. Plano.

E o estatismo moderno depende da suposição de que nossos senhores, assim como nossos pais, são bons. Quando as crianças iam trabalhar aos 13 anos e os pais batiam nelas mesmo assim, ninguém
imaginava isso.

A retórica comum do estatismo, sua pretensão de planejar, seu suposto paternalismo, geralmente vencem. Que pena...

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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