Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Descrição de chapéu STF

É difícil que o STF compre a girafa do parlamentarismo por emenda constitucional

Supremo irá votar ação proposta pelo petista Jacques Wagner

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Golpe na pauta

A ministra Cármen Lúcia pautou para votação no Supremo a ação do petista Jacques Wagner que indaga se o Congresso pode instituir um regime parlamentarista por meio de uma emenda constitucional.

É muito difícil que o STF compre essa girafa. O parlamentarismo já foi rejeitado pelo povo brasileiro em dois plebiscitos, mas a turma que tenta virar o jogo no replay não se cansa. Em 1961, o parlamentarismo mutilou os poderes presidenciais de João Goulart. Agora querem mutilar o direito de todos os eleitores.

Numa analogia maluca, dia desses poderão tentar revogar a Lei Áurea. Afinal, foi uma simples lei, sem qualquer amparo plebiscitário.

MCT x MST

O Movimento dos Sem Terra, com sua invasões e pneus queimados, ganhou um rival virulento, o Movimento dos Com Terra.

Em termos de violência, o MCT revelou-se muito mais perigoso que o MST.

Catraca e tomates

O ministro Gilmar Mendes pode liberar a catraca que solta presos da Lava Jato, mas a decisão da juíza Renata Andrade Lotufo rejeitando a denúncia contra o cidadão que ofereceu R$ 300 para quem lhe acertasse um tomate joga luz sobre a divisão reinante no Judiciário.

Assim como Gilmar soltou Paulo Preto e Jacob Barata na defesa da liberdade individual, Lotufo sustentou que o arremesso do tomate foi um exercício da liberdade de expressão.

Antes de assumir a 4ª Vara Federal de São Paulo, a doutora foi juíza auxiliar do ministro Felix Fischer, do STJ. Ele é um dos mais severos magistrados no julgamento de réus da Lava Jato.

Fachin sindical

O ministro Edson Fachin atribuiu-se poderes imperiais. O Congresso votou o fim do imposto que obriga os trabalhadores a entregar um dia de trabalho aos sindicatos e, de sua mesa no "Pretório Excelso", ele diz que a decisão de acabar com o tributo "pode ser desestabilizadora de todo o regime sindical".

O que o Congresso decidiu foi o fim de uma cobrança compulsória. Quem se considerar bem servido pelo seu sindicato, decidirá pagar, como paga por tudo que interessa.

O "regime sindical" que o fim do imposto desestabiliza é o das roubalheiras e da pelegagem. Fachin sabe bem disso porque é o relator do processo que inclui figuras investigadas pela Operação Registro Espúrio. Nela, a Polícia Federal cumpriu 23 mandados de prisão e 64 de busca e apreensão de uma quadrilha que vendia registros de sindicatos. Num caso, cobravam R$ 4 milhões por um registro. Se a propina valia isso, a boca era boa.

Vale lembrar que nas tetas do imposto sindical não estão apenas guildas de trabalhadores, mas também as de cidadãos que se dizem representantes de empresários.

Alemanha 5 x 0

Diante da ruína e com Pedro Parente pedindo o chapéu, Pindorama está como a Seleção Brasileira em 2014, quando foi para o vestiário depois do primeiro tempo contra a Alemanha, com um placar de 5 x 0.

Tratava-se de voltar ao gramado e torcer para que os 45 minutos adicionais acabassem logo com o pesadelo.

Agora, trata-se de aguentar quatro meses, até a eleição de 7 de outubro.

 

Leia mais textos de Elio Gaspari deste domingo (3):

Chegou a hora de cobrar a conta do locaute 

Uma boa notícia num mar de ruínas  ​

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