Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Após passeata de Bolsonaro, Toffoli pode revolucionar STF e alugar dependências do prédio

O salão nobre, com sua salada de móveis, serviria para coquetéis

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Depois da passeata de Bolsonaro em direção ao Supremo Tribunal Federal e da realização de uma reunião nas dependências da Corte para discutir uma de suas decisões, o presidente Dias Toffoli pode revolucionar a história da Casa, alugando dependências do prédio para outros eventos.

O salão nobre, com sua salada de móveis, serviria para coquetéis. O salão Branco serviria para velórios e o dos Bustos acomodaria festinhas de aniversários de crianças.

Curió, outro mito

Bolsonaro recebeu o “Major Curió” no Palácio do Planalto e, mais uma vez, aos 85 anos, Sebastião Rodrigues de Moura foi identificado como um dos principais militares envolvidos no combate à guerrilha do Araguaia. Essa qualificação é falsa.

Ele é apenas o mais exibido, com fortes momentos de mitomania.

Nos tempos estranhos de hoje, Curió pode ser lembrado pelo ângulo de seu mito e do abstruso envolvimento de militares na política.

Enquanto os outros oficiais que estiveram no Araguaia voltaram à caserna, ele manteve sua influência na região. Primeiro, distribuindo terras. Depois, enroscando-se no garimpo de Serra Pelada, a maior mina de ouro a céu aberto do mundo.

Nessa condição, liderou os garimpeiros na maior revolta popular já ocorrida na Amazônia. Curió elegeu-se deputado federal e, pelo PMDB, tornou-se prefeito de uma cidade batizada de Curionópolis. Em 1975, quando não havia mais guerrilha no Araguaia, foi preso no Sul do Pará um sujeito que não sabia dizer de onde vinha nem para onde ia. Curió interrogou-o, ele se confessou guerrilheiro e trouxe-o para o Rio de Janeiro.

O general Leônidas Pires Gonçalves, chefe do Estado Maior do I Exército, pediu que seu assistente fosse buscar o preso no Galeão. No caminho, o sujeito contou que a família o mandava para o Rio quando precisava de internação hospitalar. Ao chegar ao DOI, o oficial mandou fotografá-lo e determinou que fizesse uma checagem nos hospícios da cidade.

Horas depois, uma patrulha voltou:

— Positivo, capitão, ele é freguês do Pinel.

(O doido, guerrilheiro confesso, havia ficado seis semanas preso com direito a fuzilamento simulado.)

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