Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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FGV fez uma covardia com o ex-futuro-ministro da Educação

Fundação soltou nota informando que Decotelli nunca foi professor da instituição, mas apenas 'colaborador'

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O jornalista americano Murray Kempton definiu os editorialistas da imprensa como aquelas pessoas que depois de uma batalha vão ao campo do combate e matam os feridos. Foi isso que a Fundação Getulio Vargas fez com o ex-futuro-ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli. O falso currículo já o havia derrubado quando a venerável FGV soltou uma nota informando que ele nunca foi professor da instituição, 
mas apenas “colaborador”.

O economista Carlos Alberto Decotelli
O economista Carlos Alberto Decotelli - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Podia ter feito isso em 2019, quando o doutor foi nomeado para a presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e seu currículo dizia que ele havia sido “professor de pós-graduação 
em Finanças” na FGV.

A fundação deveria cuidar melhor de sua marca. Uma coisa é um professor do quadro funcional da FGV. Bem outra é uma pessoa que deu uma aula num curso ou numa de suas atividades paralelas. (Faz tempo, um hierarca justificou seu título de professor visitante da Sorbonne dizendo que, como professor, havia visitado 
a universidade francesa.)

O logotipo da FGV é usado para enfeitar eventos semicorporativos e até mesmo seminários de feriadão com verniz acadêmico e essência turística. Entrando no ramo de consultorias, a fundação viu-se metida nas roubalheiras do governador Sérgio Cabral. Nas suas palavras, a FGV serviu de “biombo para efetivar ilegalidades”. A fundação assinou 58 contratos com a gestão do então governador do Rio, 
no valor de R$ 115 milhões.

A caça ao dinheiro tornou pandêmica a malversação das marcas de instituições renomadas. A London School of Economics mamou US$ 488 mil nos cofres do ditador líbio Muammar Gaddafi, e seu diretor embolsou 
US$ 50 mil assessorando-o.

No caso de Decotelli, a FGV demorou para reclamar e, quando reclamou, exagerou. Ao contrário do que aconteceu com outros títulos do doutor, ele leciona na fundação, foi bem avaliado pelos alunos e deu uma aula online 
há poucos dias.

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