Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

A origem da polarização

Há quem diga que a coisa começou a desandar com a invenção da expressão 'top'

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Com a libertação do ex-presidente Lula, alguns analistas e cientistas políticos temem um aumento da polarização no país. Outros especialistas dizem que a polarização não tem um fator específico e é um fenômeno mundial.

O que poucos conseguem dizer é quando, exatamente, começou essa radicalização. O que fez com que as pessoas passassem a brigar por política até em notícia de nascimento de bebê?

Alguns estudiosos dizem que esse abismo de opiniões teve início com a democratização da internet. Sem ela, seu primo de Botucatu não formaria o grupo Parentes Queridos e, alguns anos depois, não acabaria com o Natal da família.

Outras pesquisas apontam que tudo começou com a chegada das academias de crossfit. Pessoas que pagam para carregar pneus de trator têm pouco senso crítico. São alvos fáceis de manipulação de professores extremistas.

Ilustração de homens das cavernas em volta de fogueira, um deles getsicula, comos e contasse histórias e sua sombra forma duas pessoas discutindo.
Galvão/Folhapress

Há quem diga que a coisa começou a desandar com a invenção da expressão “top”. Quem não tolerava ouvi-la se afastou do grupo, o que levou a um isolamento ideológico. A coisa piorou com as variações “topzera” e “fodástico”.

Um grupo de cientistas culpa a criação do brigadeiro vegano. Achar que vai comer um doce e ser surpreendido por uma bolota de batata-doce desperta a cólera de qualquer um. O resultado só poderia ser uma guerra ideológica.

Outros estudiosos dizem que os tempos amenos acabaram quando começaram a batizar bebês com nomes de senhores de engenho. Pessoas com nomes como Leopoldo, Antonella, Vitório, Valentina, Romero e Florentina já nascem conservadoras implacáveis. 

Alguns acham que a radicalização surgiu bem antes da internet, dos prédios neoclássicos e das varandas envidraçadas com churrasqueira. Foi quando os plebeus franceses decidiram guilhotinar os nobres e, depois, polarizados, cortaram as cabeças uns dos outros.

Já um grupo de pesquisadores alega que a radicalização começou milhares de anos antes, quando um grupo de pessoas resolveu assar uma carne na fogueira e bater um papo. Foi quando começaram a contar histórias, criar lendas, mentiras, fofocas e dizer que “Alfredo do Tacape está comendo as nozes do Pedro do Pedregulho escondido”. Assim, cada um começou a ir para um lado. Maldito dia.

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