Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Em três dias, fotógrafo de Lula trabalhou mais que Bolsonaro em quatro anos

Ricardo Stuckert desenvolveu resistência física de maratonista, mira de franco-atirador e enquadramento de Glauber Rocha

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Inclusão, diversidade cultural, beijo de língua, ausência de rugas de Lu Alckmin. A posse de Lula marcou por inúmeros motivos. Mas um dos elementos que chamaram a atenção das redes sociais foi a disposição e onipresença do fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert.

Se uma imagem vale por mil palavras, Stukinha, para os íntimos, clicou, em um único dia, um dicionário completo. Acompanhou o presidente a cada passo, do café da manhã à volta ao hotel, à noite, sem perder seu alvo de foco por um segundo.

Na ilustração de Galvão Bertazzi, temos o fotógrafo Ricardo Stuckert correndo sem camisa e com os músculos à mostra. Ele carrega várias câmeras fotográficas penduradas no corpo enquanto corre esbaforido controlando vários drones ao mesmo tempo. Atrás dele, temos o verdadeiro Presidente da República, o Lula beijando apaixonadamente sua companheira Janja. Uma multidão acompanha toda a cena!
Ilustração de Galvão Bertazzi para coluna de Flávia Boggio - Galvão Bertazzi

No desfile de posse, o fotógrafo ficou ao lado do Rolls Royce, correndo, com uma câmera na mão e outra no pescoço. Enquanto fotografava, pilotava um drone que captava imagens aéreas. Isso usando terno e gravata, sapatos sociais e cabelo estilo Chanel ao vento. No calor brasiliense de 40 graus e -4% de umidade relativa do ar.

Em foto colorida, homem de terno corre à frente de um carro conversível
Ricardo Stuckert corre à frente do Rolls-Royce - Reprodução

No dia seguinte, foi para Santos para fotografar o adeus de Lula ao rei Pelé. Em três dias, Stuckert trabalhou mais que Bolsonaro em quatro anos.

Para ter os melhores cliques, o fotógrafo desenvolveu a resistência física de um maratonista queniano, a mira de um franco-atirador e o enquadramento de Glauber Rocha. O preparo foi tanto que academias paulistas já estariam oferecendo o treino "CrosStuckert", que consiste em correr quilômetros carregando pesos, sem perder o senso artístico.

Poucos sabem que a disposição é de décadas. Stuckert começou a fotografar Lula em 2003. Desde então, acompanha o presidente de manhã, tarde, noite, madrugada, dias úteis e feriados. Quando Lula foi preso, se mudou para Curitiba para acompanhar os meses de cárcere, sobrevivendo ao pior inverno do mundo, depois do ar-condicionado carioca.

Há boatos de que ele cometeu um crime na cidade, só para ser preso junto com o ex-presidente e captar suas melhores imagens. Só foi expulso da cela porque estaria atrapalhando as visitas íntimas de Janja. No meio tempo, foi fotógrafo oficial da CBF, a Confederação Brasileira de Futebol, indicado ao Oscar, ganhou o Prêmio Esso e morou com povos originários para realizar uma mostra.

O resultado de tanto trabalho são imagens icônicas, como a da passagem de faixa de representantes da sociedade a Lula.

Para quem passou quatro anos vendo fotos de presidente babando farofa tiradas pelo celular engordurado de Carluxo, as imagens de Stuckert foram um colírio para nossos olhos.

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