Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Se Bolsonaro fosse esperto, passaria a faixa a Lula

Mas se o presidente com os dias contados não quiser entregá-la, pode usá-la em casa para enxugar as lágrimas

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Faltando duas semanas para a posse, Jair Bolsonaro ainda resiste em passar a faixa para Luiz Inácio Lula da Silva. O futuro ex-presidente diz acreditar que as eleições foram fraudadas e que há chances de se manter no poder.

Para Bolsonaro, participar da cerimônia é assumir que concorda com o resultado das eleições. Também há suspeitas de que a recusa em passar viria do fato de que, a partir de 1º de janeiro, chegam ao fim os anos com "tudo na faixa", sem trabalhar. Depender da mesada de Valdemar Costa Neto exigirá mais esforço.

Na ilustração de Galvão Bertazzi  um pequenino e ressentido Jair Bolsonaro, de calças curtas e choroso, entrega a faixa presidencial para Lula. Este, alto e esbelto. Lula dá tapinhas na cabeça do menino Jair. Brinquedos como arminha, aviãozinho e tanque de guerra estão espalhados pelo chão, assim como uma caixa de fósforos e alguns fósforos riscados. Uma multidão, que há muito esperava por esse momento, parece se divertir com a cena.
Publicada nesta quarta-feira, 14 de dezembro de 2022 - Galvão Bertazzi

O que o presidente com dias contados não sabe é que ir à posse pode ser extremamente vantajoso para ele e, de quebra, trágico para seu sucessor. Se fosse esperto mesmo, entregaria a faixa a Lula e colheria inúmeros frutos —podres, como sempre.

Não teria plano mais maligno.

O capitão pode aproveitar sua presença na cerimônia para praticar a atividade de que mais gosta: arruinar a vida do cidadão brasileiro. Milhões de pessoas estarão assistindo ao Festival do Futuro, show da posse apelidado de Lulapalooza. Se, no meio da comemoração da nova gestão, o antecessor aparecer, o público terá toda a sua energia vital sugada.

Estudos comprovam que olhar para a cara de Bolsonaro pode ser como reviver um trauma. A dor pode ser pior do que a de pedra no rim. Sua presença arruinaria surubas progressistas agendadas para a data, já que causa impotência sexual. Uma vitória para os conservadores.

Para o ex-presidente, será vantajoso comparecer na posse porque, por ser declaradamente contra vacinas, seu corpo deve ser um grande viveiro de micro-organismos patogênicos. Ao passar a faixa e falar "boa sorte" a Lula, terá a oportunidade de enviar perdigotos "batizados" e arruinar todo o trabalho do petista e de sua equipe.

Será a chance do capitão levar seu filho Carluxo para mais um passeio presidencial. Mas, diferentemente da posse, não poderá levá-lo em uma cadeirinha no banco traseiro do carro. Precisará carregar o 02 no canguru.

Também será a última oportunidade para o futuro ex-presidente chorar em rede nacional e mostrar que derrama lágrimas por qualquer motivo que não sejam a morte de pessoas, famílias na miséria e a destruição de um país. Se Bolsonaro não quiser passar a faixa, pode usá-la em casa para enxugar as lágrimas.

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