Comidas e bebidas naturais ganham mais espaço nas prateleiras dos mercados. Nas feiras, barracas de frutas e legumes orgânicos se multiplicam. E em alguns restaurantes, pratos vegetarianos e veganos estão entre as estrelas do cardápio.
Se você vive em uma cidade de médio ou grande porte do Brasil, provavelmente está acompanhando o avanço deste cenário rumo a uma alimentação mais saudável. Mas o que esse movimento significa para nós, consumidores, para as empresas e para a sociedade em geral?
Os números indicam que o Brasil tem seguido a tendência global de se levar em consideração uma cadeia produtiva mais sustentável na hora de consumir. No campo da alimentação, somam-se a isso motivos de bem-estar ou ideológicos, que levam o consumidor a ser mais seletivo em suas escolhas.
A pesquisa “A mesa dos brasileiros”, da Fiesp, (2018), mostrou que 81% dos brasileiros declaram se esforçar para ter uma alimentação saudável -- e 71% afirmam optar por produtos mais saudáveis, ainda que tenham que pagar mais por eles.
Já a Pesquisa Akatu - Panorama do Consumo Consciente no Brasil apontou um aumento significativo na compra de produtos orgânicos, de 23% da população, em 2012, para 48%, em 2018. Uma demanda que, consequentemente, aumenta a disponibilidade de produtos: segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a produção orgânica nacional cresce mais de 20% a cada ano.
O setor de alimentos e bebidas saudáveis (com matéria-prima de origem vegetal e sem agrotóxicos, adição de conservantes, açúcar, gluten, sódio ou gordura), por sua vez, deve crescer 4,41% ao ano até 2021.
Para se ter uma ideia do seu impacto na economia, o setor movimenta cerca de US$ 35 bilhões em vendas por ano, colocando o Brasil em 4º lugar no ranking dos países mais importantes para este mercado.
Muitas vezes, o consumo de alimentos mais saudáveis também é impulsionado por motivos de saúde. Estudos globais mostram que 30% da população mundial (2 bilhões de pessoas) sofre com alguma alergia alimentar e estima-se que o consumo de produtos sem glúten cresça de 35% a 40% ao ano até 2022, e os de leite sem lactose, de 10 a 15% até 2023.
Do outro lado, pesquisas apontam que muitos consumidores ainda não têm suas necessidades alimentares devidamente atendidas devido à presença de “ingredientes indesejáveis” em sua composição, como sal, açúcar, glúten ou sódio. Só no Brasil eles são 37%, de acordo com um estudo da Nielsen, de 2016.
Se não por motivos de restrições alimentares, as pessoas têm o desejo de saber o que estão consumindo. Por isso a importância de as empresas de alimentos informarem, de maneira transparente, os atributos de seus produtos.
O mesmo estudo da Nielsen apontou que 8 em cada 10 brasileiros consideram a alimentação caseira mais saudável e segura do que a industrial, e 74% deste total acreditam nisso pois desejam saber tudo o que tem na comida que ingerem.
Hábitos alimentares como o vegetarianismo ou o veganismo também tem sido parte do repensar da alimentação pelos brasileiros. Atualmente, de acordo com o Ibope, 14% da população do país se declara vegetariana– percentual que sobe para 16% nas regiões metropolitanas, representando quase 30 milhões de pessoas.
A Unipampa e a Sociedade Vegana se referem às dietas vegetarianas e veganas como uma ideologia, refletindo uma visão de hábitos ligados à identidade do consumidor mais do que à convicção de saudabilidade dessas dietas.
E a Pesquisa Akatu - Panorama do Consumo Consciente no Brasil, de 2018, indicou que o desejo por um estilo de vida mais saudável ocupa a 1ª posição no ranking de preferências do consumidor, e o desejo por alimentos saudáveis, frescos e nutritivos aparece em 4º lugar, quando testados 20 caminhos de práticas de consumo.
Independentemente dos motivos que levam o consumidor a refletir na hora da compra, os dados não deixam dúvidas de que o Brasil vive um crescente movimento em direção à alimentação mais saudável.
Uma escolha que faz bem para a sua saúde e para o meio ambiente, além de aquecer parte da economia. Resta saber se as empresas estão se preparando adequadamente para atender a essa demanda que só aumenta, com toda a dificuldade de responder a tendências em larga escala.
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