Helio Mattar

Diretor-presidente do Instituto Akatu, foi secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (1999-2000).

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O consumidor rumo a uma alimentação mais saudável

Brasileiros repensam seus hábitos e cresce a demanda por produtos naturais e orgânicos no país

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Comidas e bebidas naturais ganham mais espaço nas prateleiras dos mercados. Nas feiras, barracas de frutas e legumes orgânicos se multiplicam. E em alguns restaurantes, pratos vegetarianos e veganos estão entre as estrelas do cardápio.

Se você vive em uma cidade de médio ou grande porte do Brasil, provavelmente está acompanhando o avanço deste cenário rumo a uma alimentação mais saudável. Mas o que esse movimento significa para nós, consumidores, para as empresas e para a sociedade em geral?

Os números indicam que o Brasil tem seguido a tendência global de se levar em consideração uma cadeia produtiva mais sustentável na hora de consumir. No campo da alimentação, somam-se a isso motivos de bem-estar ou ideológicos, que levam o consumidor a ser mais seletivo em suas escolhas.

A pesquisa “A mesa dos brasileiros”, da Fiesp, (2018), mostrou que 81% dos brasileiros declaram se esforçar para ter uma alimentação saudável -- e 71% afirmam optar por produtos mais saudáveis, ainda que tenham que pagar mais por eles.

 

Já a Pesquisa Akatu - Panorama do Consumo Consciente no Brasil apontou um aumento significativo na compra de produtos orgânicos, de 23% da população, em 2012, para 48%, em 2018. Uma demanda que, consequentemente, aumenta a disponibilidade de produtos: segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a produção orgânica nacional cresce mais de 20% a cada ano.

O setor de alimentos e bebidas saudáveis (com matéria-prima de origem vegetal e sem agrotóxicos, adição de conservantes, açúcar, gluten, sódio ou gordura), por sua vez, deve crescer 4,41% ao ano até 2021.

Para se ter uma ideia do seu impacto na economia, o setor movimenta cerca de US$ 35 bilhões em vendas por ano, colocando o Brasil em 4º lugar no ranking dos países mais importantes para este mercado.

Muitas vezes, o consumo de alimentos mais saudáveis também é impulsionado por motivos de saúde. Estudos globais mostram que 30% da população mundial (2 bilhões de pessoas) sofre com alguma alergia alimentar e estima-se que o consumo de produtos sem glúten cresça de 35% a 40% ao ano até 2022, e os de leite sem lactose, de 10 a 15% até 2023.

Do outro lado, pesquisas apontam que muitos consumidores ainda não têm suas necessidades alimentares devidamente atendidas devido à presença de “ingredientes indesejáveis” em sua composição, como sal, açúcar, glúten ou sódio. Só no Brasil eles são 37%, de acordo com um estudo da Nielsen, de 2016.

Se não por motivos de restrições alimentares, as pessoas têm o desejo de saber o que estão consumindo. Por isso a importância de as empresas de alimentos informarem, de maneira transparente, os atributos de seus produtos.

O mesmo estudo da Nielsen apontou que 8 em cada 10 brasileiros consideram a alimentação caseira mais saudável e segura do que a industrial, e 74% deste total acreditam nisso pois desejam saber tudo o que tem na comida que ingerem.

Hábitos alimentares como o vegetarianismo ou o veganismo também tem sido parte do repensar da alimentação pelos brasileiros. Atualmente, de acordo com o Ibope, 14% da população do país se declara vegetariana– percentual que sobe para 16% nas regiões metropolitanas, representando quase 30 milhões de pessoas.

A Unipampa e a Sociedade Vegana se referem às dietas vegetarianas e veganas como uma ideologia, refletindo uma visão de hábitos ligados à identidade do consumidor mais do que à convicção de saudabilidade dessas dietas.

E a Pesquisa Akatu - Panorama do Consumo Consciente no Brasil, de 2018, indicou que o desejo por um estilo de vida mais saudável ocupa a 1ª posição no ranking de preferências do consumidor, e o desejo por alimentos saudáveis, frescos e nutritivos aparece em 4º lugar, quando testados 20 caminhos de práticas de consumo.

Independentemente dos motivos que levam o consumidor a refletir na hora da compra, os dados não deixam dúvidas de que o Brasil vive um crescente movimento em direção à alimentação mais saudável.

Uma escolha que faz bem para a sua saúde e para o meio ambiente, além de aquecer parte da economia. Resta saber se as empresas estão se preparando adequadamente para atender a essa demanda que só aumenta, com toda a dificuldade de responder a tendências em larga escala.

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