Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Não podemos fingir que não vimos

Moro expôs de forma convincente a conduta absolutamente antirrepublicana do presidente

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Em condições normais, as acusações que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro lançou contra o presidente Jair Bolsonaro exigiriam a abertura de um processo de impeachment. A narrativa de Moro traz farto material para investigações não apenas sobre crimes de responsabilidade mas também sobre infrações penais comuns.

Jair Bolsonaro faz pronunciamento sobre a demissão de Sérgio Moro, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - Wallace Martins/Futura Press/Folhapress

Tampouco há dúvida de que, quanto antes nos livrarmos de Bolsonaro, melhor será para o Brasil. O presidente só tem a oferecer ao país ignorância, dor e mortes desnecessárias. O vice-presidente, Hamilton Mourão, embora tenha sido convidado a compor a chapa como uma espécie de seguro contra o impeachment, tem se mostrado uma figura muito mais razoável do que o titular.

Penso que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deveria deflagrar o processo de deposição sem demora, mas reconheço haver um complicador: não vivemos um período normal; está em curso uma pandemia que cobra todas as atenções do Congresso.

É preciso aprovar medidas não apenas para combater o vírus como também para minorar o sofrimento econômico que o necessário isolamento social impõe à população e a empresas. Não seria nada fácil conciliar esse trabalho, que é inadiável, com os procedimentos necessários para dar seguimento a um impeachment, que são lentos e tendem a consumir todas as energias do Legislativo --e isso sob regime de trabalho remoto.

Também precisamos que o Executivo, que ainda conta com setores razoavelmente funcionais, siga operando durante a crise; se ele passar a atuar em modo de defesa contra o impeachment, ficará ainda menos eficaz.

Ainda assim, acho que é necessário, por uma questão moral, pelo menos iniciar o impeachment, mesmo que o enfrentamento da pandemia nos force a conduzi-lo em banho-maria. A questão central é que, agora que Moro expôs de forma convincente a conduta absolutamente antirrepublicana do presidente, não podemos fingir que não vimos.

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