Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Uma defesa do paliativismo

Um paliativo bem feito reduz a carga de sofrimento no final da vida

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Escrevo esta coluna sob coação. Desta vez a pressão não vem do dr. André Mendonça, mas de minha mulher, que, como quase todos os paliativistas do país, ficou revoltada com as bobagens que foram ditas sobre essa abordagem médica na sequência do caso Prevent Senior e me cobrou uma manifestação.

Se os relatos sobre as ações da operadora são precisos, o que a Prevent Senior fez não é nem parecido com paliativismo, cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares, diante de uma doença incurável e potencialmente fatal. Embora a adoção de cuidados paliativos não esteja restrita a casos terminais —idealmente, quanto antes a abordagem multidisciplinar tiver início, melhor—, é preciso que haja razoável segurança sobre o diagnóstico e o prognóstico do paciente. No caso da Covid-19 o diagnóstico não é difícil, mas o prognóstico é. A doença é imprevisível. Gente que parecia curada acaba morrendo de complicações secundárias e gente que parecia à beira da morte sai andando do hospital.

Funcionários da Prevent Senior protestam a favor da empresa
Funcionários da Prevent Senior protestam a favor da empresa - Divulgação

O ponto fundamental nem é tanto a moléstia, mas a comunicação. O que a experiência mostra é que, quando equipes de cuidados paliativos se engajam em estabelecer uma comunicação honesta e empática com os pacientes e seus familiares, explicando o que se pode esperar nas próximas fases da doença, mesmo os piores prognósticos tendem a ser recebidos com menos angústia. Isso permite traçar estratégias mais humanas e realistas de tratamento, seja o paliativo exclusivo ou proporcional.

Um paliativo bem feito não apenas reduz a carga de sofrimento no final da vida como, paradoxalmente, também pode fazer com que o paciente viva mais. Atul Gawande comenta esse resultado em seu excelente "Mortais". A redução de custos, embora não seja a meta do paliativismo, não deve ser ignorada.
Não é porque escrevi esta coluna sob coação que não estou convencido de cada palavra nela escrita.

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