Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Ecos da reforma

Reforma da Previdência francesa poderá aposentar precocemente o centrismo

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São Paulo

Os franceses não curtiram a reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron, como denotam as manifestações que já levaram milhões às ruas. O que mais incomoda a população é a elevação da idade mínima para a aposentadoria de 62 para 64 anos. Democracia é isso mesmo. Governos propõem leis e quem é contra tem todo o direito de protestar. Apenas a violência pode e deve ser reprimida.

Policiais fazem barreira diante de manifestantes que protestam em Toulouse, sul da França, contra a reforma da Previdência na França - Charly Triballeau - 6.abr.23/AFP

Só que protestos não fazem sumir os problemas reais, e a França tem um problema real no sistema de pensões. O país adota um regime de repartição pura. Isso significa que são contribuições dos trabalhadores da ativa que pagam as aposentadorias. Esse sistema funciona bem quando a demografia é favorável, isto é, quando não há falta de jovens no mercado. Mas esse já não é mais o caso da França. Em 1950, quatro trabalhadores financiavam um aposentado; em 2040, estima-se, será apenas 1,3. Não é difícil ver que uma hora a coisa estoura.

Mudar as regras para os benefícios é a fórmula clássica para lidar com isso, mas não a única. Os franceses poderiam sair da repartição pura, adotando um sistema misto, com contribuições individuais complementares. Também poderiam ampliar o estoque de trabalhadores na ativa pela imigração. Outra saída é usar impostos para custear a Previdência. As duas primeiras não são as favoritas dos franceses. A terceira esbarra num outro problema. A França já tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. Aumentá-la geraria em algum momento ineficiências econômicas.

Os franceses acabarão resolvendo o impasse, ou empurrarão o problema para as próximas administrações e gerações. O que me preocupa é que a crise deixa uma ferida potencialmente letal não só no grupo político de Macron mas em todo o campo dos moderados. Meu palpite é que no próximo pleito presidencial teremos um embate entre a extrema direita de Marine Le Pen e a esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon.

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