Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Quando não ser não basta

Lula precisa fazer mais do que não ser Bolsonaro

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São Paulo

Com pouco mais de três meses de existência, já deu para sentir um gostinho de como será o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Comecemos pelos aspectos positivos. Lula trouxe de volta à Presidência um pouco de normalidade. Não temos mais um mandatário que debocha das vítimas da Covid-19 ou que governa pela sabotagem, editando decretos e portarias que erodem as leis que deveriam regulamentar e nomeando desqualificados ou mesmo infiltrados para dirigir órgãos com cuja missão não concorda.

Homem de cabelos, barba e bigode brancos, vestindo terno e gravata escuros e tendo mais pessoas à sua volta, gesticula e fala com um microfone na mão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de café da manhã com jornalistas no Palácio do Planato nesta quinta-feira (6) - Pedro Ladeira/Folhapress

Mais do que isso, foi bom ver o governo federal finalmente agindo para retirar os garimpeiros ilegais de territórios indígenas e enfatizando a importância de políticas públicas básicas, como a vacinação. Lula não é Bolsonaro, e isso é ótimo. Convenhamos, porém, que não ser Bolsonaro é a parte fácil. Infelizmente, não basta para credenciar Lula, à frente de seu terceiro mandato, como um bom presidente.

É aí que eu começo a me preocupar. Minha impressão é que Lula já não exibe a mesma forma política de antigamente. Trocou o pragmatismo que caracterizou suas duas primeiras gestões por uma espécie de anseio em acertar as contas com o passado. Contrariando a ideia de governo de união nacional esboçada durante a campanha, Lula parece guiar-se pelo menos parcialmente pelo fígado, voltando-se contra as principais leis aprovadas durante o governo de Michel Temer e a tudo o que evoque, ainda que muito vagamente, a operação Lava Jato.

Ao fim e ao cabo, o que definirá o sucesso ou fracasso de Lula 3 não serão reinterpretações da história e sim o desempenho da economia. Aqui os sinais são ambíguos. O presidente parece hesitar entre uma agenda estruturante, que permitiria uma retomada consistente mais adiante, e a ideia, tão popular quanto equivocada, de que basta um bom volume de gastos públicos para assegurar o crescimento.

Lula vai bem em não ser Bolsonaro, mas precisamos de muito mais.

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