Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Biden e a história

Avaliação do legado do atual presidente dos EUA depende do que acontecerá em novembro

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São Paulo

Como Joe Biden entrará para a história? Depende do que acontecerá em novembro. Se os democratas vencerem o pleito presidencial, com Kamala Harris ou outro candidato, Biden estará consagrado. O que se dirá é que, além de ter sido um dos melhores presidentes americanos das últimas décadas —uma tese objetivamente defensável—, ele teve a grandeza e o desprendimento de renunciar à candidatura quando ficou claro que teria dificuldades para derrotar Donald Trump. Já apareceram editoriais com esse teor.

Na hipótese, porém, de o postulante democrata ser derrotado, o julgamento da história poderá não ser tão favorável. Nós, que assistimos a tudo ao vivo, sabemos que o processo de desistência, embora possa encerrar alguma dose de altruísmo, foi arrancado a fórceps. Biden resistiu o quanto pôde, postergando por semanas a definição de seu substituto. No cenário de vitória democrata, esses detalhes serão rapidamente esquecidos, mas, se Trump triunfar, não faltarão vozes no próprio Partido Democrata atribuindo a derrota ao atraso na troca de candidato, um reflexo da teimosia e da vaidade de Biden. Narrativas podem ser cruéis.

A presidenciável democrata Kamala Harris fala durante coletiva de imprensa em Wilmington (EUA), em agosto de 2020 - Olivier Douliery/AFP - OLIVIER DOULIERY/AFP

Outro problema para o legado de Biden é que, no caso de vitória de Trump, algumas de suas realizações na Presidência poderão ser revertidas. Um bom exemplo são os avanços na transição energética, uma pauta a que o republicano se opõe e certamente tentaria solapar. Num mundo justo, retrocessos ambientais patrocinados por Trump contariam apenas como ônus do republicano, mas essa é uma seara em que nossas percepções dependem muito do resultado final. Se Trump sair mais uma vez do Acordo de Paris e encher os EUA de usinas a carvão, será como se Biden não tivesse feito nada.

Há algo de paradoxal aí. Em termos estritamente lógicos, juízos valorativos de ações pretéritas de um presidente não deveriam depender do futuro, mas vivemos num mundo que não é assim tão lógico.

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