José Manuel Diogo

Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

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ChatGPT é a maior revolução de todas porque pede apenas uma mudança de comportamento

Com ferramentas de inteligência artificial, nunca a igualdade foi tão grande, e o perigo, tão iminente

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Qual é a maior estrada do mundo?

Até há bem pouco tempo, para saber essa resposta teríamos de utilizar aquele método antigo, criado no século 15 por um tal avô Gutenberg, que consistia em procurar a resposta num livro. E mesmo se a pergunta surgisse já no século 20, mesmo assim, muito provavelmente a resposta nos "custaria" uma visita a uma biblioteca, pois estaria escondida num desses estranhos objetos chamados de "livros".

Mais tarde, com a disseminação dos computadores e da internet, a coisa se simplificou. Apareceram os motores de busca, que fizeram com que a consulta do livro passasse de coisa "obrigatória" a coisa rara, deixando essa resposta (e muitas outras) à distância de um simples clique.

Telas exibem os logotipos da OpenAI e do ChatGPT
Telas exibem os logotipos da OpenAI e do ChatGPT - Lionel Bonaventure/AFP

Essa "novidade" formatou tão intensamente nossa forma de pensar que, durante as últimas três décadas, sempre que alguma dúvida surgisse sobre qualquer assunto bastaria colocá-la a um senhor mais moderno e de todos conhecido: tio Google. Funcionava assim: feita a pergunta, logo o titio, companheiro fiel de todas as ignorâncias, apresentava-nos inúmeras possibilidades de resposta.

Fontes e mais fontes. Milhares em um segundo. Organizadas pelo primo Algoritmo, parente em quinto ou sexto grau, que nos atirava para uma maravilhosa babel de possibilidades —"cerca de 9,93 milhões de resultados em 0,66 segundo", para ser exato.

Aí doeu. Quase 10 milhões de resultados para a mesma resposta? Poupamos a ida à biblioteca, mas vamos gastar todo esse tempo, às vezes mais, procurando a resposta na tela do computador, tentando separar "o trigo do joio", que é outra forma de falar "a verdade da mentira".

Mas de repente surge uma irmã mais nova que vem revolucionar o mundo e tornar obsoleto o resto da família. A menina ChatGPT (a mais famosa entre outras ferramentas de inteligência artificial) vem mudar radicalmente a forma como acedemos a qualquer informação. O mundo nunca mais será o mesmo.

Por quê? Fácil entender. Digite o endereço chat.openai.com/chat e pergunte: "Qual é a maior estrada do mundo?". Eu perguntei. "A maior estrada do mundo é a Pan-American Highway, uma rede que cobre a América do Sul e a América Central. A estrada começa em Prudhoe Bay, no Alasca, e termina no Ushuaia, na Argentina, percorrendo aproximadamente 30 mil km. É uma via de transporte crucial a muitos países da América Latina, conectando cidades importantes e promovendo o comércio e o turismo na região.

A Pan-American Highway é conhecida por sua diversidade geográfica e paisagem, passando por montanhas, florestas, desertos e praias. Embora a estrada esteja quase completa, há uma 'brecha' de cerca de 160 km na selva do Darién, na Colômbia e no Panamá, onde não há conexão rodoviária."

Os dois parágrafos anteriores não foram escritos por mim. Nem por ninguém humano. Foi ela —miss ChatCPT— que os escreveu. Inacreditável? Mesmo. Continuando minha conversa com Chat, lhe fazendo perguntas, jogando charme, sendo mais ousado na forma de pensar, logo entendi que ela não é apenas "mais" uma forma de aceder à informação.

A ChatGPT é a maior revolução de sempre. Incluídas na palavra sempre: a invenção da roda, dos caracteres móveis, da eletricidade, da máquina a vapor, do transistor e da internet. A disrupção por ela causada —estrago "versus" oportunidade— é a maior de sempre.

A maior de sempre porque sua adoção não implica qualquer alteração de norma tecnológica ou nem sequer a compra de algum equipamento. Ela apenas pede uma simples mudança de comportamento.

Conversa em muitas línguas. Todas as que sei manusear. Inglês, francês, espanhol, italiano. E trata por tu o português como se tivesse estudado simultaneamente na cátedra Jaime Cortesão na USP e no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de Coimbra.

Nunca a igualdade foi tão grande, e o perigo, tão iminente.

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