Aconteceu no Linha de Passe, da ESPN, na segunda-feira (20) passada: dois jornalistas, segundo Felipão, “que precisam garantir seus empregos”, vaticinaram ser o Palmeiras tão mais forte a ponto de poder comemorar o bicampeonato.
Arnaldo Ribeiro foi um deles e este colunista o outro, prontamente rejeitados pelos colegas Gian Oddi e Mauro Cezar Pereira, na mesma mesa, sob o sólido argumento de ser muito cedo, com o campeonato, então, com apenas cinco rodadas.
Impossível não dar razão a ambos, assim como nada mais óbvio que aceitar a prudência do treinador palmeirense, mesmo com justificativa tão rasteira.
Ora, só faltava ao técnico cantar vitória prematuramente.
Houve também quem levasse ao pé da letra, quase ofendidos, a previsão dos dois desmiolados jornalistas.
Nestes tempos em que o ministro da Economia chantageia ao ameaçar ir embora do governo se a reforma da Previdência não passar como deseja, brincar com coisa tão séria como o futebol beira mesmo a irresponsabilidade.
E não importa se, na sexta rodada, o Palmeiras fez do Botafogo nova vítima, atingiu 29 jogos invictos no Brasileiro e livrou já quatro pontos sobre o vice-líder Atlético.
Afinal, o futebol é imprevisível e nada impede uma reviravolta ou até mesmo que um tsunami atinja a Água Branca para desbotar o verde, a cor da inveja, como se sabe.
Cautelosos, ou temerosos, ou supersticiosos, os torcedores alviverdes atribuem tais chutes ao desejo de secar o Palmeiras.
Tanto é verdade que a vitória sobre o Botafogo, no Mané Garrincha majoritariamente paulista, se deu por apenas 1 a 0 e com pênalti assinalado pelo VAR.
Bem assinalado pelo VAR, registre-se, mas que vira ponderação para diminuir o triunfo.
Pouco importa se a vitória pela chamada contagem mínima não traduziu a esmagadora superioridade palmeirense.
Por que alguém imagina que o Palmeiras vá ficar sem perder o campeonato inteiro?
É claro que não!
Verdade que em 2017 o Corinthians terminou o primeiro turno sem derrota e, no ano passado, o Palmeiras repetiu a façanha no segundo.
O colunista fala apenas por si e não consultou o companheiro Arnaldo sobre se ele mantém tão enlouquecida previsão.
(Mas promete que o fará nesta noite, no mesmo programa).
Mantenha ele ou não, o colunista reafirma: tudo se encaminha para o Palmeiras ganhar mais um Brasileiro com o pé nas costas, tão grande é a diferença de seu elenco em relação aos demais concorrentes.
O que não vale nem para a Copa do Brasil, nem para a Libertadores, torneios em sistema de mata-mata e sujeitos aos acidentes de percurso.
Na maratona do Campeonato Brasileiro, onde a regularidade e o fôlego estabelecem a disparidade entre os competidores, o Palmeiras é favoritaço, para usar o neologismo consagrado pelo mesmo Arnaldo.
Negar a evidência é, digamos, igualmente tão sem sentido como antecipar a conquista esmeraldina.
De resto, o dia em que for proibido projetar resultados em quaisquer esportes, passaremos apenas a comentar obras feitas.
E que fique claro, se é que é preciso fazê-lo: constatar a superioridade abissal do atual campeão brasileiro está muito longe de considerar o futebol apresentado pelo líder como suficiente para agradar paladares mais exigentes.
Coisa para Felipão cuidar em vez de avaliar o que jornalistas precisam fazer para manter seus empregos.
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