Mestre Armando Nogueira sempre disse que quem escreve sobre futebol deveria evitar fazer prognósticos sobre os jogos.
Porque quebraria a cara muito mais que acertaria.
De fato, cravar um resultado diante de três possibilidades é sempre temerário, desafio à lei das probabilidades. Acrescente o imponderável e resista à tentação.
Há os que, prudentemente, conseguem. E os que não, até porque sempre desafiados em programas de TV ou rádio, ou pelos leitores.
Outro mestre menos conhecido no mundo do futebol, embora tenha começado a brilhante carreira no jornalismo como correspondente da Placar em Curitiba e que até dirigiu a revista, Carlos Maranhão, vive fazendo troça dos palpites que vê aqui.
Como usual entre os leitores, jamais aplaude os acertos minoritários, como, por exemplo, a coluna ter apontado o Bayern Munique como o campeão da Liga dos Campeões da Europa. As bolas fora, ao contrário, nunca passam impunes.
Tudo isso para dizer que se a rara leitora e o raro leitor acordarem no intervalo do Majestoso podem ligar a televisão para constatar o 0 a 0 no placar. Que perdurará até o fim do clássico.
Trata-se do resultado que interessa aos dois times para evitar crises, principalmente para os dois treinadores.
Antes, saiba que em 345 Majestosos houve 110 empates, 130 vitórias alvinegras e 105 tricolores.
Ou que pelo Campeonato Paulista foram 59 empates, 67 triunfos do Corinthians e outros 58 do São Paulo. No Morumbi, 59 empates e vantagem do visitante por 50 a 39.
Note que há sempre mais empates que vitórias do São Paulo, mas não é nem por isso a previsão de nova igualdade.
Fernando Diniz, depois de muito dar murro em ponta de faca, desistiu de Alexandre Pato e somou sete pontos em nove disputados. Não terá Daniel Alves e tomara que possa contar com Luciano, com rendimento surpreendente nos três jogos dos quais participou, com dois gols decisivos e um passe para outro, de Pablo.
Mas Bahia, Sport e Athletico medem pouco e tudo irá por água abaixo caso o time perca para o maior rival.
Acontece que o Corinthians está em situação mais complicada e Tiago Nunes, como Diniz, obrigado a rever conceitos em busca de resultados.
Entre os três possíveis a vitória será redentora, a derrota, catastrófica, e o empate, satisfatório, fora de casa.
Tudo leva a crer que teremos um Majestoso realmente medroso, daqueles em que o medo de perder tira a vontade de vencer, segundo pontifica o filósofo Vanderlei Luxemburgo.
Aliado à manutenção dos empregos, temos o esperado baixo nível do começo deste Covidão-20, depois da inédita paralisação das atividades por longos quatro meses, embora insuficientes.
Se não for 0 a 0 ou, ao menos, empate, a cara está dada à tapa ainda antes do almoço dominical.
Para comprovar que Armando Nogueira sempre tem razão e alegria de Carlos Maranhão.
Cesta negra!
São cerca de 13% os afro-americanos. E 55% de não brancos no Brasil. Lá como cá são os que mais morrem baleados pela polícia e a maioria esmagadora dos prisioneiros.
Nos Estados Unidos da América, enfim, os atletas disseram basta.
Nos Estados Unidos do Brasil, primeiro nome pós-República, não se vislumbra nada parecido.
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