Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

É preciso saber perder

Torna-se cada vez mais raro ver um clube aceitar a derrota porque o outro foi melhor

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Repercute até hoje a derrota do Flamengo para o Palmeiras na decisão da Supercopa, em Brasília.
O normal seria ainda ouvirmos ecos da sensacional vitória do campeão, em vez da choradeira do derrotado.

A capital federal não poderia ser palco mais adequado para novo chororô interminável.

Menos mau que, ao menos, os rubros-negros pouparam o Mané Garrincha de outro quebra-quebra.

O que houve de tão escandaloso para as exageradas reclamações da Gávea?

Apenas e tão somente a permanência no banco do técnico palmeirense Abel Ferreira depois de ter impedido que Dom Arrascaeta batesse rapidamente um arremesso lateral?

Convenhamos, é pouco, não chega a ser escandalosa a preocupação conciliatória do assoprador de apito.

Muito pouco, até porque a ausência do treinador pouca influência teria no desenvolvimento do jogo, coisa habitual na vida dos jogadores alviverdes.

Léo Pereira, do Flamengo, duela com Rony, do Palmeiras, na Supercopa do Brasil; rubro-negros perderam e reclamaram bastante da arbitragem - Sergio Lima - 28.jan.22/AFP

Já o protesto, a ponto de o Flamengo exigir reciclagem para quem acaba de apitar na Copa do Mundo, pela validação do quarto gol, encontra o limite na controvérsia gerada pelo lance.

Há quem tenha visto irregularidade, há quem não tenha.

Sim, de fato, o VAR deveria ter chamado o assoprador, mas também a omissão está longe de caracterizar um escândalo, dada a prioridade pela continuação da partida.

Na verdade, reclama-se por ter cão e por não tê-lo.

Tivesse o Palmeiras amargado a derrota, estaria reclamando de falta em Zé Rafael, também envolta por controvérsias, no lance do pênalti que redundou no 1 a 0.

O choro é livre, e quem não chora não mama, diz a sabedoria popular levada ao extremo no Brasil, seja no futebol, seja nas eleições desde de que Aécio Neves tentou, ridiculamente, negar a vitória de Dilma Rousseff. Fez história, deu exemplo e está dando no que estamos vendo e vivendo porque o fujão genocida tem ainda menos vergonha na cara que o enrolado deputado mineiro.

A resposta palmeirense ao desencanto flamenguista é fulminante e estabelece novo padrão no futebol brasileiro: a exemplo do que é comum na NBA, o Palmeiras terá em três meses simplesmente um avião para seus deslocamentos, vantagem considerável para evitar desgastes de seus jogadores, presentaço de tia Leila que periga entrar para a história do clube assim como Ademir da Guia ou Abel Ferreira.

Alguém duvida de que em breve teremos mudanças estatutárias para permitir reeleições no Parque Antarctica, quem sabe até a instituição da presidência vitalícia ou, por que não?, a SAV, uma SAF alviverde.

Mais que chorar pelos cantos do clube, e reclamar nos corredores e salas da CBF, caberá ao rico Flamengo fazer frente à nova demonstração de poderio do rival.

Silêncio italiano

Por que se cala o governo direitista da Itália e não pede à Justiça brasileira que Robinho cumpra a pena de nove anos de prisão por estupro aqui mesmo, pois o Brasil não extradita nacionais?

É muito estranho.

A justificativa de que o pedido seria negado pelo governo misógino do genocida, para quem o estuprador pediu votos na eleição de 2022, caiu por terra em 1º de janeiro.

Lembremos que a Itália tem como sua autoridade maior uma mulher, a primeira-ministra Giorgia Meloni, assumidamente conservadora, católica, antifeminista, que rejeita o rótulo de ser de extrema-direita e, até onde se sabe, não há de ser complacente com estupradores.

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