Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Primeiro Campeonato Brasileiro sem Pelé começa neste sábado

Se tivesse de apostar o pouco que tenho, seria no bi do Palmeiras

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Em algum lugar, ouvi alguém chamar o Campeonato Brasileiro que começa neste sábado (15) de "Brasileirão Rei" e gostei da ideia.

Muito melhor que as repetidas e inúteis tentativas de associar marcas comerciais aos torneios, até porque mudam ao sabor das ofertas.

O campeonato nacional de 2023 será o primeiro sem a presença do Rei Pelé entre nós e, bem explorado, pode ser "um plus a mais", como dizem os marqueteiros.

Como foi, por exemplo, lá atrás, e bote lá atrás nisso, dar um sabor especial ao Campeonato Paulista de 1954, o do 4° Centenário de São Paulo, que valeu depois ao Corinthians ser por anos chamado de "campeão dos centenários", alusão ao fato de que havia vencido também o campeonato dos cem anos da proclamação da Independência, em 1922, cuja taça levava o nome da efeméride.

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Time do Corinthians campeão do Campeonato do 4º Centenário, em 1954 - Arquivo

Certamente Pelé será lembrado mais uma vez neste fim de semana de abertura do certame, que tem de volta gigantes como Bahia, Cruzeiro, Grêmio e Vasco, campeões que estavam na Série B no ano passado.

O que esperar deles é incógnita que assombra também quase todos os demais 16 competidores, exceção feita ao Palmeiras —sobre quem pode haver dúvida se será novamente campeão, mas certamente estará entre os primeiros.

Sobre todos os outros as interrogações são muitas.

Alguém crava que o Flamengo, o de elenco mais estrelado e milionário, irá bem em meio ao tsunami revelador da fragilidade moral e gerencial de seus comandantes?

E o Atlético Mineiro, outro cujos gastos não são acompanhados por bons desempenhos, voltará a ser competitivo?

Em sua infinita arrogância, Renato Gaúcho garganteou estar o Grêmio no mesmo patamar dos favoritos apesar de, exceção feita a Luis Suárez, dever futebol de qualidade.

Uruguaio Luís Suarez comemora gol contra o São Luiz - Silvio Avila/AFP

O que esperar do Athletico Paranaense, com um retrospecto de 15 vitórias, três empates e apenas uma derrota em 2023, embora sem ter enfrentado ainda adversários verdadeiramente respeitáveis? Será o ano da sua confirmação como potência?

A rara leitora e o raro leitor, por mais especiais que sejam, e são, sempre querem saber dos pobres jornalistas seus prognósticos, os pitacos sobre quem será campeão, quem cairá, quem se classificará para a Libertadores etc.

Querem saber, em regra, para jogar em nossas caras de tacho os erros cometidos quando as competições acabam.

Como nada me obriga a fazer previsões, faço as que quero, e, se tivesse de apostar tudo o que tenho, que é pouco, num campeão, apostaria no bicampeonato do Palmeiras.

É claro que adoraria poder fazer outra aposta, no meu time, mas com elenco envelhecido, e na dependência de um excelente meia que vive no estaleiro, o máximo a conquistar, e mesmo assim sujeito a chuvas e trovoadas, é um torneio com mata-mata, como a Copa do Brasil no ano passado, quando chegou às finais.

Risco de cair, ao menos, desta vez não corre, temor que assalta, com certo exagero, os são-paulinos e, com motivo, santistas.

Bahia, Botafogo, Cuiabá, Goiás e Vasco têm mais razões para temer, neste Brasileirão que promete equilíbrio no meio e na parte de baixo da tábua de classificação.

São 15 campeões entre 20 concorrentes, e apenas o Guarani, entre os que já ganharam o título maior, fora da Série A —porque o atribuído ao Sport, em 1987, é dessas aberrações que aconteciam ainda como sequelas da ditadura.

Que o Brasileirão Rei honre o nome.

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