Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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O jogo de Vinicius Junior

Não passou de treinamento a prática em Barcelona contra time abaixo da crítica

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São Paulo

De preto, como nunca, a seleção brasileira protestou contra o racismo. Há quem julgue ter sido errado manter o amistoso contra Guiné exatamente no país em que Vinícius Júnior tem recebido a mais sórdida perseguição. Mas afrontar o racismo com altivez pode ser a melhor atitude.

Barcelona viu apenas um treino entre a terceira colocada no ranking da Fifa contra a 79ª, com vistas ao jogo da terça-feira (20), em Lisboa, contra Senegal, em 18º lugar.

De preto como nunca ou de amarelo, como sempre, a prática serviu só para vencer, também porque se empatasse ou perdesse melhor seria fechar o botequim.

Vinicius Junior durante amistoso da seleção brasileira contra Guiné na Espanha
Vinicius Junior durante amistoso da seleção brasileira contra Guiné na Espanha - Pau Barrena/AFP

Vencer por 4 a 1, no estádio do Espanyol, como quis e do jeito que quis, mas contra adversário tão frágil que impede qualquer conclusão, a não ser a de que Raphael Veiga, que jogou por poucos minutos, merece entrar como titular contra Senegal no lugar de Lucas Paquetá, para dar o brilho que há anos não vemos no meio de campo da seleção.

Vinícius Júnior teve espaço para dar um showzinho particular, fez um dos gols em cobrança de pênalti, e a goleada será para sempre lembrada como "o jogo do Vinícius Júnior", algo que Neymar, por exemplo, com tantos anos de seleção, nunca teve e, provavelmente, jamais terá.

Ver Modric

Croácia e Espanha decidem a Liga das Nações e presenteiam quem gosta de futebol com mais uma oportunidade de ver o croata Luka Modric, aos 37 anos, desfilar a arte cada vez mais rara entre os meias no Planeta Bola.

Respeita o futebol

Em meio ao escândalo de manipulação das partidas de futebol pelo país afora, eis que surge campanha de dez casas de apostas, e uma tal Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), fundada em março passado, pregando respeito ao esporte mais popular do mundo e pedindo a regulamentação da jogatina.

Típica atitude hipócrita e cínica porque durante cinco anos essas mesmas casas, sediadas no exterior, nadaram de braçada sem pagar impostos no Brasil, estamparam suas marcas em 19 das 20 camisas dos clubes da Série A e patrocinaram 11 em cada dez programas esportivos nas mais diversas plataformas.

Diante da inevitabilidade da regulamentação empreendida pelo governo, agora se fazem de bons moços dispostos a botar tranca na porta arrombada.

Para dar credibilidade à campanha só há uma maneira: recolher os impostos que não pagaram durante meia década.

Calcula-se que, só em 2022, deixou-se de arrecadar coisa de R$ 6,4 bilhões!

Autonomia não é soberania

Traumatizados com a intervenção autoritária durante décadas do velho CND, o Conselho Nacional de Desportos, fruto da ditadura getulista no período do Estado Novo, os constituintes de 1988 erraram na mão ao conceder autonomia às entidades esportivas.

A autonomia virou verdadeira terra de ninguém, os escândalos de corrupção se sucederam tanto na CBF quanto no COB, para citar apenas as duas maiores confederações — porque CBB, CBV, CBDA, CBAt, CBJ, basquete, vôlei, esportes aquáticos, atletismo, judô, quase todas também viviam no noticiário policial.

Nem mesmo decisão unânime do STF, com o ex-ministro Cezar Peluso como relator, no sentido de que autonomia não é sinônimo de soberania, alterou muito o estado de coisas.

Agora, ao sancionar a Lei Geral do Esporte, o governo vetou artigo malicioso que reforçava a ideia de autonomia absoluta, no que fez muito bem.

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