Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

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Leandro Colon
Descrição de chapéu Eleições 2018

PT e Alckmin podem duelar, mas sem debater combate à corrupção

O padrinho do nome petista está na cadeia, e os fiadores do nome tucano são velhos conhecidos da Lava Jato

Os protagonistas das duas principais convenções presidenciais realizadas até agora são opostos ideologicamente e compartilham o sentimento de isolamento partidário e de perspectiva de competitividade.

Esnobado pelo centrão, Ciro Gomes modulou de última hora seu discurso na sexta (20), buscando um clima de paquera com setores da esquerda indefinida, sobretudo o PSB.

Rejeitado pelo PR, Bolsonaro nada apresentou de novo no evento do PSL no Rio que o lançou oficialmente ao Planalto. Saiu de lá sem um vice formalizado e ainda sonhando em conseguir mais alguns segundos de TV para ir além do “meu nome é Jair”.

Em um exercício arriscado de futurologia política, faz sentido apostar que a dupla Ciro e Bolsonaro terá muita dificuldade em se manter competitiva até o dia 7 de outubro. 

Sim, o imponderável sempre é capaz de balançar eleições. Foi assim em 2006, quando estourou o escândalo dos aloprados na véspera da reeleição de Lula. Em 2010, a campanha de Dilma Rousseff (PT) foi acusada de ter montado um bunker para espionar a turma de José Serra e de ter ligação com a violação de sigilos da filha do então candidato tucano.

Há quase quatro anos, o desastre aéreo que matou Eduardo Campos bagunçou por algumas semanas o cenário daquela eleição presidencial.

Os episódios acima preencheram manchetes, mas não alteraram o curso do resultado final. Lula, apesar dos aloprados, foi reeleito. Dilma, mesmo com a ação ilegal atribuída a correligionários, levou a melhor sobre o PSDB há oito anos (e em 2014).

Teimando com a perigosa mania de adivinhar a política, faz também sentido apostar que 2018 vai repetir a disputa PSDB x PT —no caso, Alckmin contra o candidato de Lula (Fernando Haddad ou Jaques Wagner). 

A única certeza é que nenhum lado terá a ousadia de levantar o debate de combate à corrupção. O padrinho do nome petista está na cadeia, condenado em segunda instância, e os fiadores do nome tucano são velhos conhecidos dos escaninhos de inquéritos da Lava Jato.

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