Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Com Eva Longoria e Carmen Maura, 'Terra de Mulheres' tem bons altos e alguns baixos

Comédia curtinha disponível no catálogo do AppleTV+ ganha força na relação de avó é neta transgressoras

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Não há nada que torne memorável a série "Terra de Mulheres", que o Apple TV+ estreou no fim de junho, com o quarto dos seis episódios a ser lançado na próxima quarta-feira (10). Mas, com tanta coisa densa ou pretensiosa no ar, chega a ser um pequeno deleite ver uma comédia que tem Carmen Maura como uma das protagonistas.

Cena da série 'Terra de Mulheres'
Cena da série 'Terra de Mulheres' - Divulgação

Aos 78, a musa de Pedro Almodóvar não é o nome mais alto na lista de elenco. Este é de Eva Longoria, que também assina a produção, criada por um trio de roteiristas espanhóis com base no livro homônimo da escritora Sandra Barneda.

Com muitos dos traços com que compôs Gabrelle Solis, a personagem que viveu durante oito anos em "Desperate Housewives", Longoria interpreta Gala, uma mulher rica de Nova York que se vê repentinamente obrigada a sumir do mapa quando seu marido foge de credores barra pesada, e toda a família passa a ser perseguida pelos mafiosos.

Com ela embarcam a mãe, Julia (Maura), e a filha, Kate (Victoria Bazua), rumo à minúscula La Muca, um vilarejo catalão que Julia abandonou décadas antes. É claro que ela vai conhecer um sujeito local interessante (Santiago Cabrera), ser inicialmente rejeitada pelos vizinhos e chamar a atenção com seus trejeitos de madame numa terra onde as mulheres plantam uvas e produzem vinho. E daí pode se esperar o básico de uma comédia romântica e do humor intergeracional possível.

É na relação entre avó e neta, contudo, que a série floresce. Tanto Julia como Kate são transgressoras e pioneiras, algo que tanto Maura como a estreante Bazua levam com naturalidade aos papeis.

Julia deixou seu povoado grávida, no estertor de uma longa ditadura, após ter rompido amarras sociais de uma Espanha rígida e carola que começaria a reconstruir sua identidade. A leveza com que apresenta Julia já em fase de demência contrasta com os traumas que a personagem e a própria atriz —que sofreu um estupro e foi revitimizada em um julgamento repleto de militares— sofreram no período.

Já Kate é uma menina transgênero cuja transição foi bem acolhida pela família, liberal. Ao chegar a um lugarejo cujos olhos estão postos no passado, tropeça no preconceito e nas dificuldades criadas pela mesquinharia alheia —a atriz mexicana Bazua, aliás, também é trans e, apesar de ser seu primeiro papel, a sutileza com que compõe a personagem é mesmerizante.

Essa dose de verdade que as duas injetam nos papeis, e a graça da relação entre elas, se contrapõe à leva de clichês que a série empurra. Isso dito, Longoria e Cabrera não decepcionam, tampouco a dúzia de personagens e atores espanhóis que os rodeia.

É diversão ligeira com bons ingredientes, como o vinho leve que Gala se propõe a fazer.

"Terra de Mulheres" está disponível no AppleTV+, com novos episódios às quartas

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