Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

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De que é feito o mundo?

Saga para a descoberta dos átomos começou na Grécia antiga

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Os pensadores da Grécia tinham todo tipo de ideias sobre a composição das coisas que nos rodeiam. Uma das mais exóticas, proposta pelos filósofos Leucipo (século 5 a.C.) e Demócrito (460 a.C.–370 a.C.), era que a matéria consiste de pequenas partículas indivisíveis, os átomos. Não havia nenhuma base experimental para essa teoria e ela foi esquecida.

Até o início do século 19, quando o cientista inglês John Dalton (1766 – 1844) estava tentando explicar uma curiosa propriedade matemática das reações químicas. Por exemplo, há dois tipos de óxido de estanho e as quantidades dos ingredientes estão misteriosamente relacionadas: num tipo, 100g de estanho se combinam com 13,5g de oxigênio; no outro, os mesmos 100g de estanho reagem com 27g de oxigênio. Será coincidência que 13,5 é a metade de 27?

Dalton sugeriu que os dois reagentes seriam formados por átomos, que se juntariam para formar a nova substância. Um átomo de Sn (estanho) com um átomo de O (oxigênio), daria o primeiro tipo de óxido, com fórmula SnO. Mas cada Sn poderia também combinar-se com dois O, gerando o óxido SnO2. A teoria de Dalton explicava bem muitas outras reações químicas, mas não provava que átomos realmente existam.

Imagem da Nasa mostra a Terra vista do espaço
Imagem da Nasa mostra a Terra vista do espaço - Nasa/Reuters

A primeira evidência experimental em favor da teoria atômica veio da descoberta, em 1827, do movimento browniano. O botânico escocês Robert Brown (1773 – 1858) observou no microscópio que partículas de pólen em suspensão líquida se agitam permanentemente, como se estivessem vivas. Ele sugeriu que seria porque são bombardeadas constantemente pelos átomos do líquido.

A explicação matemática do movimento browniano foi dada por Albert Einstein (1879 – 1955) em 1905 e pelo físico polonês Marian Smoluchowski (1872 - 1917) em 1906. O físico francês Jean Perrin (1870 – 1942) confirmou a teoria experimentalmente e a usou para calcular o tamanho e a massa de diferentes átomos. Por essas façanhas, ganhou o prêmio Nobel da física de 1926.

Pela primeira vez na história, a humanidade dispunha de uma resposta científica à questão “de que é feito o mundo?”. Mas não podia ser tão simples, claro.

Em 1897, o físico britânico J. J. Thomson (1856 – 1940) mostrou que os raios catódicos, que se acreditava serem uma forma de radiação eletromagnética, de fato são formados por partículas com carga elétrica negativa, muito menores do que os átomos. Ele observou que essas partículas, que chamamos elétrons, estão em muitos outros fenômenos, por exemplo na corrente elétrica, e transportam carga elétrica dentro dos próprios átomos.

A ideia de que os átomos seriam os componentes menores e indivisíveis da matéria morreu aí. Mas a saga continua, não perca o relato dos próximos episódios!

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