Marco Aurélio Canônico

Jornalista foi repórter da Ilustrada, correspondente em Londres e editor de Fotografia.

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Marco Aurélio Canônico

Bandalhas na água

Crédito: Rafael Andrade-18.jun.09/Folhapress Imagem da lagoa Marapendi, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro
Imagem da lagoa de Marapendi, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO - Historicamente mal provido de transporte público, o Rio convive há décadas com a ilegalidade de veículos informais que ocupam o vácuo deixado por Estado e prefeitura. Parte significativa da população se vale deles diariamente, não raro por falta de opção.

Os exemplos mais conhecidos são as vans que dominam a zona oeste, boa parte delas explorada por milícias, e os mototáxis presentes em qualquer favela para fazer o sobe e desce do morro –estes também regidos por milicianos ou traficantes.

Agora, esse modus operandi do transporte ilegal chegou à água: na Barra da Tijuca, lanchas e barcos particulares tomaram as lagoas de Marapendi e da Tijuca, fazendo transporte pago de passageiros. Era apenas lógico: o bairro, em contínuo crescimento, tem uma geografia que favorece o deslocamento aquático, com inúmeros canais à beira dos quais estão imensos prédios residenciais, shoppings e serviços.

A ocupação destas águas começou com embarcações ligadas às dezenas de condomínios, mas, a partir da inauguração da linha 4 do metrô, cujo ponto fica no início do bairro, explodiu. Hoje, há ao menos 15 "empresas" de transporte aquático –já reunidas em associação, inclusive.

O passageiro liga para um telefone celular, diz em que píer está e para qual vai, e em minutos chega o "táxi". Os preços variam conforme a distância, numa média de R$ 10 para um deslocamento de cerca de cinco minutos. Os barcos são quase todos muito simples e mal conservados.

Não há nenhum sinal de que tenham sido submetidos à fiscalização: a maioria não tem coletes salva-vidas e anda em alta velocidade, conduzida por gente que não parece exatamente qualificada. Pior: há claros sinais de cartelização –os preços foram tabelados, por exemplo. Já passou da hora de o poder público intervir.

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