Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu juros Selic inflação

A bússola para a ressaca do crédito

Não tente adivinhar o movimento dos tubarões; não é hora de correr riscos

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As recuperações judiciais, sempre à espreita, voltaram a inundar o noticiário nas últimas semanas. O iceberg dos juros e da inflação, que sufocam o crédito dos empresários e o poder de compra dos consumidores, rasgou os cascos de mais embarcações do que os transatlânticos Americanas, Oi, Grupo Petrópolis e Amaro.

As portas fechadas pela crise da pandemia e do crédito bancário derrubaram primeiro os pequenos, que não tinham fluxo de caixa para sobreviver. Agora, o gelo atinge até os que estavam preparados para enfrentar a ressaca, mas não por tanto tempo.

O mais recente levantamento da Serasa Experian aponta que em 2023 batemos recorde de pedidos de recuperação para meses de fevereiro em cinco anos. Desde 2018 não tínhamos tantas empresas pedindo ajuda para não naufragar nesse período do ano.

Cédulas de real - Gabriel Cabral - 21.ago.2019/Folhapress

Em relação a 2022, fevereiro registrou um aumento de 87% no número de pedidos de recuperação. Foram 103, ante 55. No acumulado dos últimos 12 meses, temos um aumento de 3,7%, o que pode parecer pouco, mas vínhamos de uma sequência de 31 meses em queda.

Há 31 meses, veja, estávamos em junho de 2020, no que ainda classificaríamos como o início da pandemia de Covid-19. As startups estavam surfando em uma janela de oportunidade, entrando na Bolsa de Valores, queimando dinheiro para crescer —o chamado "cashburn"— e com a taxa Selic em 2,25% ao ano.

Não se trata mais de uma questão local. A crise de crédito mostrou-se global com a quebradeira de bancos nos Estados Unidos e na Europa.

Aqui, não corremos o risco de ver uma crise bancária, garantiu-me o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. As nossas regras de controle de riscos travam esse tipo de movimento.

A maré está agitada, mas longe de impedir a navegação no oceano dos investimentos. Você tem os instrumentos certos em mãos, é hora de usá-los para seguir seu rumo sem grandes sustos.

A iminência de uma crise de crédito exige uma visão diferente para seus investimentos. Alguns ativos de renda fixa, como CDBs e LCAs, muitas vezes considerados de baixo risco, agora precisam ter seus emissores analisados com mais critério do que nunca.

Tornou-se essencial aproveitar o fim da temporada de divulgação de resultados de 2022 para olhar a estrutura das dívidas e do caixa das empresas das quais você compra ou pretende comprar ações.

O melhor conselho sempre, diversificar sua cesta de investimento, faz ainda mais sentido. Foque os ativos de baixa correlação, ou seja, que dependam de fatores completamente distintos para subir ou cair.

Inclusive o ouro, refúgio seguro durante as crises financeiras, ficou mais atraente. O metal é considerado uma reserva de valor e historicamente tem mantido seu valor durante períodos de maior instabilidade econômica.

Os títulos do Tesouro também seguem como boas opções. O IMA-Geral, que é uma espécie de Ibovespa dos títulos públicos —uma carteira teórica de títulos públicos semelhante à que compõe a dívida pública interna brasileira—, subiu 10% nos últimos 12 meses. O Ibovespa caiu 15% no mesmo período.

Não tente adivinhar o movimento dos tubarões. Não é hora de correr riscos.

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