Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

A Amazônia queima no seu bolso

Crise climática afeta atividade agropecuária, responsável por grande parte do crescimento de 2,9% do PIB brasileiro do ano passado

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Se você acha que a pauta do clima é coisa de ONG, lamento dizer: você não entendeu nada. Se o recorde de queimadas na Amazônia, o irrespirável ar de São Paulo e a inexistência de um "plano B" para a vida na Terra não te incomodam, saiba que isso sangra diretamente a economia e suas finanças.

A maior seca em extensão e intensidade em 70 anos, de acordo com dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), já fez o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) prever uma queda de 6% na safra deste ano.

Para quem não lembra, o aumento da atividade agropecuária foi o grande impulsionador do crescimento de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no ano passado. Ela subiu 15,1% de 2022 para 2023, empurrando a geração de riqueza.

A imagem mostra duas pessoas em pé em uma área devastada por incêndio. O solo está coberto de cinzas e restos de árvores queimadas, com fumaça visível ao fundo. As pessoas estão em pé, uma delas segurando um pedaço de madeira, enquanto a outra segura um papel. O ambiente é árido e desolado, com algumas árvores ainda em pé, mas sem folhas.
O casal Wanderlei Cardoso Simao e Jordelina Pereira da Silva, que teve parte do sítio destruído pelo fogo na Estação Ecológica Soldado da Borracha, em Rondônia

Pois bem, para esse ano, a expectativa para o crescimento do PIB vem aumentando a cada mês. O ministro da Fazenda Fernando Haddad já falou, inclusive, que o "piso" de 3% de crescimento do PIB já está "praticamente contratado". Não detalhou, entretanto, que a participação do agro minguou como as chuvas.

O próprio Banco Central, em estimativas divulgadas em junho, reduziu a expectativa relacionada ao PIB Agropecuário. Da queda de 1% no ano, fomos para a previsão de queda de 2% em 2024.

Os dados da Esalq/USP, feitas em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) dão a pista de onde o calo aperta: enquanto o PIB do ramo pecuário subiu 1,68% no primeiro trimestre do ano, o do ramo agrícola despencou 3,83%.

Não importa quantas vezes o ministro da Agricultura diga que o período de chuva está "dentro do calendário ideal", a realidade já bate à porta das empresas da área.

Nos últimos 12 meses, as ações das quatro companhias mais diretamente ligadas ao ramo agrícola na Bolsa tiveram desempenho significativamente abaixo do Ibovespa. Três delas, na verdade, estão no vermelho.

Enquanto nosso principal indicador da Bolsa subiu mais de 14% desde setembro do ano passado, Boa Safra (SOJA3); SLC Agrícola (SLCE3); e 3Tentos (TTEN3) despencaram, respectivamente, 8%, 10% e 10,95%. A única com papéis no azul é BrasilAgro (AGRO3), que subiu 9,5% no período.

E o bonde está partindo. A produção mundial de soja está batendo recorde e o consumo da China segue estável. Traders, como o analista especializado em commodities Guto Gioielli, têm montado apostas na queda dos preços da soja.

Com preços em queda e queimadas em alta, nosso agro parece menos pop.

Isso tudo sem contar o impacto da seca na produção de energia elétrica e, consequentemente, no seu preço, item de primeira ordem na medida da inflação. E ainda tem gigante do mercado financeiro achando que a questão ambiental é coisa de ONG...

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