Maria Hermínia Tavares

Professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap.

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Maria Hermínia Tavares
Descrição de chapéu Eleições 2018

O país voltou; Lula, quase

Governo mostrou que renovou agenda regional, mas apoio a Maduro é inaceitável

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Promovida pelo presidente Lula, a reunião dos governantes sul-americanos, na terça-feira (30), marca o reingresso do país à esfera política regional, depois do isolamento imposto por Jair Bolsonaro. Eis uma boa oportunidade para rever as experiências anteriores que não convém repetir.

No passado, a linha adotada pelos governos do PT assentou-se em três pilares: a integração comercial por meio do Mercosul; a integração física com a Iirsa (Integração da Infraestrutura Regional Sul-americana) e a concertação política com a Unasul (União de Nações Sul-americanas). Seus objetivos, fomentar o comércio inter-regional, adensar as conexões das redes de transporte e energia e manter a paz, o diálogo e certa autonomia frente aos Estados Unidos.

Os resultados, porém, decepcionaram: além de crescer pouco, os fluxos intrarregionais perderam importância para as trocas de cada país com a China; faltaram recursos para projetos de infraestrutura plurinacionais; e, para mal dos pecados, a entrada de empresas brasileiras de construção pesada na vizinhança produziu grandes escândalos de corrupção.

Lula com Nicolás Maduro no Itamaraty - Gabriela Biló - 30.mai.23/Folhapress

O diálogo ficou ao sabor dos alinhamentos políticos entre governos, para naufragar de vez quando presidentes de esquerda foram substituídos por direitistas.

A Unasul, fundada em 2008, foi o único dos três pilares fincado no período petista. A proposta de Lula para reanimá-la agora encontrou resistência de países que criticaram sua estreita politização.

Reconstruir um fórum de diálogo dependerá assim de evitar o que a inviabilizou e de buscar o que pode tornar relevante uma nova iniciativa de concertação. Fazer dela um espaço onde caibam todos os Estados, sejam quais forem as orientações políticas dos respectivos governantes de turno, é a primeira providência. Transformá-la em arena de discussão de temas regionais importantes e unificadores deve-se lhe seguir de perto. Finalmente, numa zona de periódicas turbulências políticas, será crucial criar incentivos para que seus membros respeitem as regras democráticas.

Do Brasil, o desafio demanda uma política exterior pragmática, que inclua todos os países da região; contida, para prevenir a exibição de simpatias políticas por tal ou qual governo que amanhã poderá ser substituído por seu adversário; inequívoca na defesa da economia sustentável e do regime de liberdades.

A fala de Lula na abertura do encontro de Brasília mostrou a adesão de seu governo a uma agenda regional renovada. Fora de hora e de lugar —de fato, inaceitáveis— foram porém as suas derramadas boas-vindas ao ditador venezuelano Nicolás Maduro.

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