Alguns personagens históricos tiveram a capacidade de pautar suas ações por visões de mundo mais amplas que a de seus contemporâneos.
Gandhi, por exemplo, estabeleceu parâmetros extremamente avançados na luta pela independência da Índia e, como resultado, o movimento de não violência ativa (ahimsa) liderado por ele foi vitorioso em seu objetivo de tirar o país da condição de colônia britânica.
Uma das características mais marcantes da personalidade de Gandhi foi sua clareza de raciocínio.
Enquanto a Inglaterra usava como instrumento de dominação a comercialização de tecidos, ele propunha o retorno ao hábito de fiar suas próprias vestimentas e sua "moda" acaba atingindo em cheio o alvo.
Além de permitir ao povo indiano acesso à produção de suas roupas, ainda fez com que aquela forma rústica de se vestir ganhasse proporções simbólicas, com repercussão na vida prática e subjetiva de seu povo.
Para que esse tipo de lucidez possa acontecer é fundamental que o fluxo de pensamentos esteja a salvo da confusão provocada pelos ruídos dos comportamentos pautados pela violência. Uma mente revolta torna-se incapaz de se manifestar e até de observar os fatos com clareza.
A imagem de um mar batido é perfeita para elucidar esse conceito: ao abrirmos os olhos debaixo da água num dia de mar bravio, mal conseguimos ver a um palmo de distância, enquanto num mar calmo é possível apreciar a beleza de peixinhos coloridos nadando em distâncias consideráveis ou atentar para presença de um tubarão que se aproxima a tempo de evitar o ataque.
Da mesma forma, uma mente tranquila proporciona clareza de visão, enquanto uma mente tumultuada nos deixa cegos, incapazes de fazer uso de nossa inteligência estratégica.
Sem dúvida, no Brasil hoje, podemos eleger mentes assim para guiar nosso destino. Os visionários existem, precisamos apenas diminuir os ruídos para que eles ganhem visibilidade e possam ser ouvidos.
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