Fique atento aos boletos e se prepare para passar o ano todo negociando com prestadores de serviço. Como 2021 ainda continua marcado pela pandemia de coronavírus –enquanto a vacinação não engrena uma quinta marcha–, teremos de renegociar aluguel, plano de saúde e, eventualmente, mudar o perfil de dívidas com operadoras de cartões de crédito e bancos.
Se houvesse apoio das autoridades nacionais ao distanciamento social, uso de máscaras, higienização de mãos e de ambientes, e investimento precoce em vacinas e em cilindros de oxigênio (e não em cloroquina), talvez a situação estivesse menos trágica.
Mas isso não foi feito, e a roda do tempo só gira para a frente. O que foi perdido, infelizmente, não será recuperado. As maiores perdas, obviamente, foram as mais de 200 mil vidas. Na economia, a renda familiar continuará achatada, e o desemprego nem sequer começou a ser enfrentado.
Não há um plano nacional para atração de investimentos produtivos, nem para facilitar a vida dos empreendedores. E a conta do enfrentamento à Covid-19 ainda não foi fechada. Certamente, será enviada para nós, cidadãs e cidadãos.
Segundo o Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional de Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil), a tabela do IR (Imposto de Renda) acumula, nos últimos 24 anos, defasagem de 113,09%. Não foi corrigida em 13 destes 24 anos.
É mais fácil que neve em todos os estados brasileiros no próximo inverno do que esta defasagem seja ajustada. Então, desde 1996, cada contribuinte tem ‘doado’ na marra recursos à União, além dos impostos, taxas e contribuições que já pagava e paga.
Como a inflação voltou a pressionar, de maneira generalizada, insumos de todos os tipos –por exemplo, aço, conexões de PVC e cimento, na construção civil– e alimentos essenciais (arroz, feijão, carne, óleo de soja etc.), estamos frente à estagflação, que combina estagnação econômica à inflação.
Anote bem tudo o que recebe e gasta. Procure os prestadores de serviços e faça uma proposta de renegociação. Fique atento, também, às movimentações dos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon-SP. Não espere nada de quem negou que a pandemia fosse ceifar centenas de milhares de vidas.
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