Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus

O que falta para o mercado de cabelos brancos

Lojistas e prestadores de serviços precisam entender e tratar melhor os idosos

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Que as pessoas estão vivendo mais, e que a pirâmide etária brasileira mudou –com muito mais idosos– nem é necessário ser um especialista para perceber. Bastar ir a uma farmácia, laboratório de análises clínicas, supermercado, loja; qualquer lugar, exceto os mais voltados para jovens, como baladas noturnas. Mas os lojistas e prestadores de serviços precisam entender –e tratar– melhor os idosos para conquistar sua preferência.

Primeiramente, deletar aquela falsa imagem do velhinho resistente a novas tecnologias. A participação de pessoas com 60 anos ou mais no mundo online aumentou de 34% para 50% entre 2020 e 2021, segundo a pesquisa "TIC Domicílios".

Mas o aumento da longevidade pode obrigar os legisladores a rever conceitos. Por exemplo, o do atendimento e das vagas preferenciais para quem tenha de 60 anos em diante. Como há locais em que muitos clientes estão nessa faixa etária, só haveria preferência se valesse, por exemplo, para quem tivesse a partir de 65 ou 70 anos.

mulher idosa sentada na janela de vagão de metrô em movimento
A aposentada Maria do Socorro Alves, moradora de Itaquera, no lugar reservado para idosos no metrô de São Paulo - Juca Varella - 22.jun.2011/Folhapress

Como já escrevi no passado, falta conforto para quem já viveu muito, quer e precisa consumir, mas não tem bancos ou cadeiras para descansar, tem de recorrer a banheiros precários e pouco seguros, e precisa se esforçar para ler letrinhas muito pequenas em rótulos e embalagens.

Também não parece haver, de modo geral, treinamento adequado para que vendedores sejam mais empáticos com as dificuldades auditivas, algo relativamente comum para os mais velhos. E é necessário ter atenção com detalhes. Até um piso escorregadio pode provocar um grave acidente em alguém que já não tenha a agilidade e o tônus muscular da juventude.

Por outro lado, crianças e idosos não deveriam ser tratados como incapazes. Os menores e os sêniores têm inteligência, preferência, gostos e necessidades próprias. Têm de receber respeito e consideração como consumidores, e ponto final.

Nem todos os mais velhos, por sua vez, gostam de ser vistos somente como vovôs e vovós. Lembrem-se: muitos deles e delas namoram, viajam, dançam e procuram roupas, calçados, perfumes e outros acessórios para se sentir mais bonitos e atraentes. Não exclusivamente para se sentar em uma fictícia cadeira de balanço com um neto no colo (embora isso também seja ótimo, e digo isso como avó coruja).

Nesta Folha, já abordei este tema, sob diversos aspectos: em 2009 ("Mais respeito com os idosos"); em 2014 ("Os novos velhos consumidores"), e em 2015 ("O abuso contra os idosos"). É uma realidade em constante transformação, com velhos e novos desafios.

O mais recente é a tentativa de mudar a Lei dos Planos de Saúde, a fim de que contratos de idosos possam ser reajustados. Até agora, o último reajuste por faixa etária ocorre quando o beneficiário completa 59 anos.

Estou atenta.

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