Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Aborto legal, universal e gratuito

Precisamos tornar esse debate rotina, como aconteceu com a violência doméstica

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O caso da menina de 10 anos vítima de violência sexual e submetida a um aborto aos poucos desaparece das manchetes e das redes sociais. Logo todas as discussões necessárias que envolvem essa tragédia cairão no esquecimento, como de costume. E isso inclui a defesa do aborto legal, universal e gratuito.

Precisamos tornar esse debate uma rotina, como aconteceu com a violência doméstica, negligenciada durante décadas, mas agora pauta constante do jornalismo e da sociedade. As vozes favoráveis à legalização irrestrita do aborto têm que falar mais alto. Fica aqui o meu registro.

Faço parte de uma minoria. Apenas 16% dos brasileiros acham que a prática deve ser permitida de acordo com a decisão da mulher, segundo pesquisa global feita pela Ipsos. Isso nos coloca como um dos países que mais se opõem ao procedimento no mundo. Por outro lado, apenas 13% são contra o aborto em qualquer hipótese. Aquela minoria desumana e barulhenta que deu as caras no episódio do Recife.

Cartazes homenageia equipe que fez o aborto em menina de 10 anos que foi estuprada - Fernando Calzzani/Photopress/Folhapress

A grande maioria é um pouco mais flexível, favorável em casos de risco à vida da gestante ou de estupro. A brecha para a mudança na opinião pública vem do diálogo com esses grupos. É urgente que a legalização esteja na ordem do dia.

O Portal da Câmara registra 574 projetos em que o aborto é mencionado. Só em 2020 são 64, muitos apenas pioram a vida da mulher, com aumento de pena, imprescritibilidade dos "crimes contra a vida", criminalização de profissionais da saúde. No ano passado, o Senado chegou a desengavetar uma PEC que proíbe o aborto desde o início da gestação.

Por isso é preciso que políticos progressistas se posicionem e se comprometam com a questão. Mas quem vai encarar o eleitorado com assunto tão impopular? Chega de hipocrisia. A discussão necessária não é sobre aborto legal ou não, mas sobre aborto legal ou clandestino, sobre cuidar da saúde da mulher ou se lixar para ela.

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