Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

As mulheres que Bolsonaro odeia

Ele pode até tentar, mas não vai nos intimidar

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O destempero de Jair Bolsonaro no debate de domingo (28) não é novidade para quem o acompanha. Ele apenas levou para o horário nobre o que faz de forma costumeira no cercadinho do Palácio do Planalto, em entrevistas e nas redes sociais: o desprezo por mulheres.

A conotação sexual no ataque à jornalista Vera Magalhães faz parte da retórica usada também por seus eleitores contra profissionais que ousam criticá-lo. O bolsonarismo não respeita o trabalho jornalístico e muito menos as mulheres que têm sido protagonistas no debate político.

Bolsonaro e aliados defendem seu comportamento misógino alegando que as reações não passam de "mimimi", mas jamais vi um colega homem ter seu trabalho questionado com insinuações de cunho afetivo ou acusações criminosas de que teria oferecido sexo em troca de informação.

"O bolsonarismo tende a aumentar os ataques quando o alvo é mulher", escreveu em artigo David Nemer, pesquisador e professor da Universidade da Virginia (EUA). Por meio do Sentinela Eleitoral, ele monitorou na noite do debate 121 grupos no Telegram que apoiam o presidente. Os ataques são calculados.

"Mulheres totalmente livres e politicamente ativas são uma ameaça para líderes autoritários e de tendência autoritária --portanto, esses líderes têm uma razão estratégica para serem sexistas", diz Nemer, que cita "A Vingança dos Patriarcas - por que os autocratas temem as mulheres", das pesquisadoras de Harvard Erica Chenoweth e Zoe Marks.

Não à toa, Bolsonaro enfrenta alta rejeição do eleitorado feminino. Em 2018, sinalizei a importância desse voto pela representatividade cada vez maior e pela cobrança de respostas às demandas desse grupo na sociedade. O presidente talvez se esqueça de que jornalistas mulheres, antes de tudo, são cidadãs. Cidadãs conscientes, bem informadas, engajadas, independentes e que têm voz. Pode até tentar, mas não vai nos intimidar.

Movimentos de mulheres e centrais sindicais contra Bolsonaro - Marlene Bergamo - 8.mar.2020/Folhapress

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