Não há mais nada a ser dito sobre Jair Bolsonaro. Nos últimos quatro anos gastamos todo o vocabulário, importamos palavras, incorporamos outras ao nosso repertório para descrever a tragédia que vivemos.
Eu poderia usar mais 1.900 caracteres para reafirmar que Bolsonaro é um golpista, corrupto, autoritário, insensível, preconceituoso, obtuso. Poderia gastar este espaço inteiro novamente para desqualificar o sujeito mais repulsivo da nossa história mais recente. Mas prefiro deixar aqui uma provocação inspirada no manifesto "Domingo a gente faz um país".De que lado você estará na história? Assim como Antonio Prata, que assina o texto distribuído pelo grupo Derrubando Muros, daqui a dez, trinta anos, se ainda estiver viva, poderei contar com orgulho que naquele 30 de outubro de 2022 eu estava do lado certo. Assim como Alckmin e Lula, Boulos e Tebet, Armínio e Emicida, João Amoêdo e Mano Brown, escolhi abraçar a democracia.
De que lado você estará na história? Do obscurantismo de Damares, do charlatanismo de Malafaia, do mau-caratismo de Hang, da destruição da Amazônia promovida por Salles, do desrespeito às instituições, às minorias? Neste domingo, reafirmo o meu compromisso com o país, com a liberdade das gerações futuras, com a saúde do planeta, com a ciência, com o Inpe, o IBGE, o Ibama, com os pretos, pobres, gays, mulheres.
Daqui a trinta anos ainda me lembrarei de que nunca tive dúvidas de que a terra sempre foi redonda — para dizer o mínimo. Pensarei com horror nas centenas de milhares de pessoas que morreram porque lhes foi negada a possibilidade de uma vacina. Mas terei paz ao olhar para trás e ver que engrossei nas ruas o coro de #elenão, ainda em 2018, e passei os anos seguintes gritando dentro e fora de casa, nas redes sociais, nas colunas de jornal, nas mesas de bar.
Neste domingo, 30, sei que estarei no lado certo. Fora, Bolsonaro!
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