No dia 14 de março, o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa seis anos. Seis anos sem que seja elucidado.
Com o acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado das mortes, a expectativa é de que o mandante do crime seja conhecido e tenhamos a resposta para a pergunta repetida ad infinitum: quem mandou matar Marielle?
Quando digo "pode" é porque, em se tratando de Rio de Janeiro e de Brasil, qualquer coisa é possível sobre um crime que já teve mil reviravoltas, foi politizado, como tudo que acontece no país, e representa um dos maiores atestado da falência da nossa segurança pública.
A morte de Marielle não é "especial", como tripudia a claque bolsonarista, despida de empatia e de sinapses neurais, mas emblemática por ter transformado em estatística uma representante da segunda maior cidade do país, que virou símbolo político internacional. Apenas 1 em cada 3 homicídios ocorridos entre 2015 e 2021 no Brasil foi esclarecido, de acordo com o Instituto Sou da Paz. A execução da vereadora, e a audácia dos criminosos, que zombam da sociedade, deveriam indignar a todos.
A direita precisa entender que bandido bom é bandido na cadeia, inclusive aquele que arquitetou o assassinato de Marielle. Assim como parte da esquerda deveria ter vergonha de explorar sua morte politicamente em troca de likes nas redes, criando narrativas que incendeiam o debate, mas não ajudam a elucidar o crime.
O caso já seguiu por várias linhas, os suspeitos são uma mistura de milicianos, bicheiros e políticos —cada vez mais difícil de diferenciar. Houve a investigação da investigação, na qual a PF teve que enquadrar a Polícia Civil fluminense. E nada do nome do mandante. Além da morte de Marielle, é preciso saber quem dificultou o processo. Seria um primeiro passo para o Brasil se salvar da selvageria a que está condenado.
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